quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
Poema de terça
Um dia, antes do derradeiro apito,
Ela há de morrer como um gol,
No fundo do meu coração
O repórter como 'testemunha ocular da história'
Do Blog do Maurício Stycer
Armando Nogueira (1927-2010) deixou duas grandes marcas no jornalismo, o que não é pouco. Tanto o seu trabalho como cronista esportivo quanto seu papel na criação e consolidação do "Jornal Nacional" estão sendo devidamente lembrados no momento de sua morte. Menos citado, mas não menos importante, é o episódio que colocou o jornalista, por acaso, diante de um fato que entrou para a história do Brasil.
Repórter do "Diário Carioca", Armando Nogueira conversava com dois colegas do jornal na rua Tonelero, em Copacabana, na madrugada de 5 de agosto de 1954, quando testemunhou o atentado ao jornalista Carlos Lacerda, dono do jornal "Tribuna da Imprensa", maior opositor do governo Vargas. Os tiros dirigidos a Lacerda apenas o feriram, mas resultaram na morte do major Rubem Vaz, que o acompanhava.
A manchete do "Diário Carioca" no dia seguinte informava: "Disparou 6 tiros em Carlos Lacerda". E o subtítulo avisava: "Armando Nogueira, repórter do DC, assistiu e conta". A abertura da reportagem, escrita em primeira pessoa, foi reproduzida por Luiz Maklouf Carvalho no livro "Cobras Criadas":
"Eu vi o jornalista Carlos Lacerda desviar-se de seis tiros de revólver à porta de seu edifício, na rua Tonelero. Carlos Lacerda acabava de se despedir de um amigo – o major Vaz – e já ia entrando em casa quando um homem magro, moreno, meia altura e trajando terno cinza, surgiu por trás de um carro e, de cócoras, disparou toda a carga do revólver, quase à queima-roupa. Lacerda foi acertado no pé esquerdo; o major, atingido no peito, morreu pouco depois."
O "furo" de Armando Nogueira levou o "Diário Carioca" a esgotar a sua edição e ajudou a deslanchar a carreira do jornalista. Como se diz frequentemente, ao lado do faro e do talento, o grande repórter não prescinde da sorte.
segunda-feira, 29 de março de 2010
domingo, 28 de março de 2010
Nardoni: um julgamento e um linchamento
Do blog do Inácio Araujo
O que me impressionou realmente nesse julgamento do caso Nardoni foi a existência de, digamos, dois juízos.
Um se realizava lá dentro e desse eu não entendo bulhufas.
O segundo, e mais impressionante, andou pela televisão, e diz respeito ao lumpesinato que ficou na porta do tribunal, ora aplaudindo o promotor, ora agredindo o defensor, ou ainda xingando os réus etc.
Uma coisa meio circense, não há dúvida, mas muito sintomática da exasperação das pessoas e do tipo de percepção que se tem da Justiça.
Em poucas palavras: o que se pensa é que não há justiça. Ponto.
Não há como dizer que estejam muito errados, nesse particular.
Ao mesmo tempo, não era justiça que pediam, era vingança. Ou seja, aparência de justiça.
Não se tratava de julgar os réus, mas de condená-los.
O linchamento é um pouco isso. Está no "Fúria" do Fritz Lang.
À custa de instituições que não funcionam, que são cheias de desequilíbrios, à custa de exasperação, acabamos virando um povo de linchadores.
E o linchamento é a massa solta com toda irracionalidade solta.
O que significa, hoje em dia, uma massa que cultua as aparências, a epiderme, aquilo que aparece na TV.
sábado, 27 de março de 2010
E a injustiça foi feita
Parabéns aos repórteres globais Walmir Salaro e José Roberto Burnier que, desde o início, influenciaram negativamente a opinião pública com matérias claramente desfavoráveis ao casal.
E foi essa opinião pública sedenta de vingança (e de sangue!) que determinou a prisão preventiva (de quase dois anos), a condenação e a impossibilidade do casal recorrer da sentença em liberdade.
Portanto, pelo menos no Brasil, um antigo ditado precisa ser urgentemente atualizado: "A voz do povo é a voz da Globo".