Lula na Playboy

Comprei ontem no Bazar Agulhas Negras "As 30 melhores entrevistas de Playboy", edição especial com 313 páginas recheadas de declarações históricas de personalidades do Brasil e do mundo. No capítulo Os Candidatos, foram republicadas as entrevistas com Lula (julho de 1979), Fernando Henrique (setembro de 1984) e Fernando Collor (outubro de 1987). Como o passado sempre ajuda a entender o presente, selecionei alguns trechos reveladores da entrevista de Lula para mostrar a vocês.

Na época da entrevista, Luís Inácio Lula da Silva era presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (segundo mandato), e tinha acabado de sair vitorioso de uma greve que custara a sua cassação pelo governo do general João Baptista Figueiredo. Diga lá, Lula:

Sobre os estudos: "Fiz o curso primário e, quando já trabalhava numa fábrica, aprendi a profissão de torneiro mecânico no Senai. Em 1973, quando já era secretário do sindicato fiz o curso de madureza. Então parei de estudar, porque no madureza a gente aprende muito pouco. Aprende é a fazer cruzinha. A vida tem me ensinado muito mais. Mas se um dia eu tiver tempo talvez possa estudar alguma coisa."

Sobre música: "Não gosto de Caetano Veloso e de Gilberto Gil. Não é o tipo de música que me agrada. Eu não perco tempo ouvindo."

Sobre o que fazer quando terminar o mandato de presidente do sindicato: "Eu não sei o que fazer. A única coisa que aprendi foi ser torneiro mecânico. E mesmo assim acho que já desaprendi, porque estou afastado desde 72. Eu já tinha decidido abandonar o sindicato em 81, parar um pouco, descansar. Outros companheiros precisam subir. E também não sou fanático por política. Não faz muito meu gênero. Sinceramente não sei. Acho que vou voltar para o trabalho na fábrica."

Sobre um partido que poderia representar os trabalhadores: "Esse partido deveria ter compromisso com as bases, ter trabalhadores. É isso o que a gente está querendo criar. Tem uns companheiros, uns dirigentes sindicais que estão fazendo contatos... (com) várias pessoas... Fernando Henrique Cardoso, Chico de Oliveira, Jarbas Vasconcelos... senadores e deputados do MDB, o pessoal de atitudes mais coerentes..."