RA completa 13 anos no AR

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Bando sabia da ação policial

Matéria publicada em O Dia Online

A operação começa na noite de terça-feira. Trinta homens do grupo de elite da polícia, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), chegam ao Complexo do Alemão para se basear no Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO). Mas naquelas mesmas horas, o vazamento da informação também começava a atrapalhar o planejamento coordenado pelo diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), Allan Turnowski. E assim, os bandidos iniciavam toda a preparação à espera da manhã seguinte.

Às 9h40, quando os 1.350 policiais chegaram ao Complexo do Alemão, estava tudo pronto. Duas horas antes, quando os policiais civis se reuniam no estande de tiro da corporação, no Caju, já se sabia que Tota e seus comparsas estavam com as armadilhas prontas. "As informações que temos é de que são 300 fuzis esperando para nos atacar", disse o delegado Ronaldo Oliveira, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA).

Na entrada pela já deserta Rua Joaquim de Queiroz, acesso à Grota, parecia que a informação se confirmara, tamanha a chuva de tiros que se iniciou. Cada metro avançado era uma vitória. E cada beco, uma agonia.

No meio do caminho, um caminhão-frigorífico

No Largo do Bulufa, a primeira novidade. Além dos trilhos, dessa vez os bandidos jogaram um caminhão-frigorífico dentro de um valão, impedindo o avanço dos blindados. A retroescavadeira teve trabalho, durante quase uma hora, para retirar a "barreira". O objetivo, no entanto, estava mais adiante: "Hoje nós vamos chegar no Areal. Lá é o inferno", resumia o delegado da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), Carlos Antônio Oliveira.

Ele comandava sua equipe e outros agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). O grupo, de quase 50 homens, contava ainda com o apoio de homens do 16º BPM (Olaria), do 18º BPM (Jacarepaguá) e do RPMont (Regimento de Polícia Montada), coordenados pelo coronel Álvaro Garcia. Durante as duas horas até o Areal, o tiroteio não cessou um minuto sequer. Alguns metros acima, com a casa de Tota avistada, o confronto se intensificou.

Rastro de sangue

Foram mais 40 minutos para conseguir subir. Policiais civis cercaram de um lado e PMs por outro. E o grupo que fazia a contenção do "chefão" da favela tentou fugir pela mata, na descida do Morro dos Mineiros. Uns conseguiram. Outros nove não. A troca de tiros foi deixando rastros de sangue pelos becos. A casa de Tota estava vazia. "Sabemos que ele ficou escondido no Caboclo (localidade atrás do Areal) com tiro na perna", explicou agente da Drae.

Mais acima, dois esconderijos estourados aumentaram a sensação de missão cumprida, com a apreensão do arsenal de armas e de drogas. "O Tota a gente pega na próxima vez", disse Oliveira.

Esconderijo de dois andares

Tota costumava se vangloriar, dentro do Complexo do Alemão, dizendo que jamais fugiria de sua casa, no Areal, já que lá ninguém conseguiria chegar. Ontem, porém, o bandido se viu cercado e teve de deixar para trás o confortável abrigo que vem construindo. O imóvel de dois andares, de pintura azul-clara, tinha tudo de típica residência de família de classe média. Ar-condicionado nos dois quartos, sala e ante-sala com três sofás, duas televisões de 29 polegadas, armários, mesas e camas modernas. A cozinha também não deixava a desejar: um fogão de seis bocas e uma geladeira avaliada em cerca de R$ 3 mil. Ainda há um gigantesco banheiro nos fundos da casa. No espaçoso terraço da residência, as obras não acabaram.

Share

0 Comments:

Postar um comentário

<< Home