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sexta-feira, 24 de junho de 2005

Para lavar a alma

Tenho acompanhado atentamente a vida – política, literária e jornalística – de Fernando Gabeira desde a sua histórica entrevista ao também histórico Pasquim em 1978. Nessa época, ele ainda vivia o seu longo exílio na Europa, depois de ter participado do seqüestro do embaixador americano Burke Elbrick, nove anos antes no Rio de Janeiro, que resultou na libertação de 13 presos políticos, entre eles, o nosso velho conhecido José Dirceu. Autor de onze livros e centenas de artigos publicados na Folha de São Paulo depois da volta ao Brasil em 1979, Gabeira é - desde 1994 - Deputado Federal pelo Partido Verde (sempre com o apoio do meu modesto voto), um dos mais lúcidos e atuantes da Câmara. Lá mesmo, anteontem (dia 22), depois do decepcionante discurso de José Dirceu (quando o ex-companheiro de armas nem tocou no assunto do mensalão e defendeu a ética e o combate à corrupção), Gabeira subiu à tribuna e lavou a alma de todos os que ainda sonham com justiça nesse nosso imenso e desigual país tropical. A Folha de ontem reproduziu um dos trechos mais importantes do discurso, que agora eu também tomo a liberdade de mostrar a vocês. Fala Gabeira:

"Eu quero apenas dizer que a passagem dele (José Dirceu) por aqui permitiu um debate, e eu estou esperando que ele se desvencilhe de seus problemas criminais e de sua acareação com o deputado Roberto Jefferson para tratar da questão política: do atentado contra a democracia, como comprar deputados no Congresso; do atentado contra a humanidade, que foi a morte das crianças indígenas em Dourados, morte das crianças indígenas provocada por incompetência e corrupção do PT - os documentos nós entregamos ao Ministério Público. E, finalmente, denunciá-lo pelos crimes que cometeu contra o planeta.

Ele foi encarregado de um programa que não funcionou. E o próprio Partido dos Trabalhadores se meteu na floresta em atividades de destruição da nossa mata. Portanto, promoveu um crime contra a democracia, um crime contra a humanidade, especialmente o crime contra os índios, que eu jamais esquecerei. E vou demonstrar, finalmente, ao Brasil que quem matou essas crianças foram a incompetência e a corrupção do Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul. Não estou acusando o Partido dos Trabalhadores no conjunto.

Finalmente, vou demonstrar que a floresta foi destruída com a cumplicidade do Partido dos Trabalhadores. Assim, são três crimes: contra a democracia, subornando o Parlamento; contra a humanidade, matando crianças índias e contra o Planeta, destruindo a Floresta Amazônica".

E agora, Zé Dirceu? E agora, PT?

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