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quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Os três Iraques

Trecho de matéria publicada no Valor Online

O Estado iraquiano, criado nos anos 20 pelos imperialistas britânicos (com Winston Churchill à frente) é um estranho pastiche de três províncias díspares do velho Império Otomano: Mosul (ao norte), com maioria curda, Bagdá (ao centro), com maioria árabe sunita, e Basra (ao sul) com maioria árabe xiita.

Por suas próprias razões políticas, os britânicos puseram os árabes sunitas (que nunca constituíram mais de 25% da população) no controle do país inteiro e até importaram um príncipe hachemita sunita para governar sua criatura.

Desde então, o país só pôde ser mantido inteiro com punho de ferro: a história do Iraque é pontuada por revoltas de xiitas, curdos e assírios cristãos, todas esmagadas em repressões sangrentas pela minoria sunita no poder.

Ao longo de sua história, o Iraque atual sempre foi o mais opressor dos países árabes. O governo de Saddam Hussein foi só o mais brutal numa longa linha de regimes sunitas. Essa hegemonia sunita - e não simplesmente a do regime do Partido Baath de Saddam - é que foi derrubada pelos EUA.

Mas, em vista da história e do perfil demográfico iraquianos, a tentativa americana de converter o país numa democracia tropeçou em três obstáculos: ter dado o poder à maioria xiita, a recusa dos curdos em abrir mão de seu duramente conquistado mini-Estado "de facto" no norte e a violenta campanha sunita que visa minar qualquer sistema que eles não comandem.

Enviada por Cesar Maia (via e-mail).

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