Uma luta franciscana
Fernando Gabeira, direto de Cabrobó (PE)
Faz muito calor e tudo é seco. O bispo Dom Lúcio Flávio Cappio reza sua missa para os romeiros. Ele faz aniversário, o rio São Francisco faz aniversário mas não há júbilo. Dom Lúcio Flávio Cappio entrou no seu nono dia de greve de fome contra a transposição do rio São Francisco.
É a forma mais dramática que encontrou para protestar contra a decisão de Lula, um presidente que ajudou a eleger. O bispo e os movimentos sociais que trabalham na área chegaram à conclusão de que as obras vão ajudar apenas aos fazendeiros.
O movimento contra a transposição do São Francisco está crescendo. Desde o ano passado, a igreja católica colocou na sua agenda o problema da água. Agora juntam-se ambientalistas e católicos na mesma luta.
O centro da resistência será em Sergipe. A maioria da população, inclusive o governador, não quer. Sergipe sofre com o desgaste do rio. Sua foz já não é mais a mesma. A água salgada invade o São Francisco.
Os governos da Bahia e Minas também são contrários. Mas muito discretos. O de Minas é tão discreto que só aqueles que falaram com ele sabe que é contra. Dificilmente se pronuncia.
Lula quer porque quer fazer. A obra vai custar R$ 4,5 bilhões, uma festa para as empreiteiras. A mídia vai pegar leve porque há muito dinheiro em jogo e além do mais o projeto consegue passar a idéia de que o progresso marcha contra os conservadores.
Publicado no blog do Gabeira (link nos Favoritos do RA).
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