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sábado, 10 de dezembro de 2005

Geni e o Zepelin

Um dia surgiu, brilhante, entre as nuvens, flutuante, um enorme zepelin;
Pairou sobre os edifícios, abriu dois mil orifícios, com dois mil canhões assim;
A cidade apavorada, se quedou paralisada, pronta pra virar geléia;
Mas do zepelin gigante, desceu o seu comandante, dizendo: Mudei de idéia!

- Quando vi nesta cidade, tanto horror e iniqüidade, resolvi tudo explodir;
- Mas posso evitar o drama, se aquela formosa dama, esta noite me servir.

Essa dama era Geni, mas não pode ser Geni;
Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir;
Ela dá pra qualquer um, maldita Geni.

Mas de fato, logo ela, tão coitada e tão singela, cativara o forasteiro;
O guerreiro tão vistoso, tão temido e poderoso, era dela, prisioneiro;
Acontece que a donzela - e isso era segredo dela - também tinha seus caprichos;
E a deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre, preferia amar com os bichos!

Ao ouvir tal heresia, a cidade em romaria, foi beijar a sua mão;
O prefeito de joelhos, o bispo de olhos vermelhos, e o banqueiro com um milhão:

- Vai com ele, vai Geni, vai com ele, vai Geni;
- Você pode nos salvar, você vai nos redimir;
- Você dá pra qualquer um, bendita Geni!

Trecho da música de Chico Buarque.

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