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domingo, 5 de março de 2006

Ratinho ganhou 'cinco paus' para apoiar o PT

Publicado na Veja Online

No decorrer de 2004, o advogado Roberto Bertholdo, membro do conselho de administração de Itaipu até fevereiro de 2005, foi grampeado por um ex-sócio. O ex-sócio, o também advogado Sérgio Renato Costa Filho, gravou cerca de 200 horas de conversa que ele próprio manteve com Bertholdo. VEJA teve acesso a uma parte das gravações. No trecho abaixo, Bertholdo faz menção a um acordo pelo qual o PT pagaria "cinco paus" ao apresentador Carlos Massa, o Ratinho, e conta que um dos negociadores era Delúbio Soares, então tesoureiro petista. A polícia acredita que "cinco paus" sejam 5 milhões de reais

Bertholdo – É só fazer um acordo entre o Ratinho e o PT.

Costa Filho – Ah, é?

Bertholdo – Aí, o Ratinho fala bem do PT até o final do ano.

Costa Filho – Como foi a conversa com o Ratinho? Vocês não foram lá para São Paulo?

Bertholdo – O Ratinho não tava lá. Nós conversamos com o Sérgio (personagem não identificado).

Costa Filho – Esse Sérgio que tá centralizando tudo?

Bertholdo – O PT topou pagar. Cinco paus.

(...)

Bertholdo – Na segunda-feira eu vou, eu e o Ratinho e o Borba (José Borba, então líder do PMDB na Câmara dos Deputados), no avião do Ratinho, pra pegar o Delúbio, que é o tesoureiro. Pra fazer um acerto de uns cinco paus.

Costa Filho – Hum-hum.

Itaipu ganhou 'seis paus' para perdoar dívida da Siemens

Neste trecho, Bertholdo conta, em conversa gravada por seu ex-sócio Sérgio Renato Costa Filho, ter descoberto que a Siemens pagou uma propina de "seis paus" de dólares ao diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, em troca do perdão de uma dívida milionária da empresa alemã com a estatal. A polícia acredita que "seis paus" sejam 6 milhões de dólares. Na mesma conversa, Bertholdo mostra-se indignado porque Samek não dividiu a propina com o PMDB

Bertholdo – Eu te falei que eu vou dar uma ferrada no Samek?

Costa Filho – Não, não me contou.

Bertholdo – Eles fizeram um acerto com a Siemens e perdoaram uma dívida de 200 milhões de dólares.

Costa Filho – Duzentos milhões de dólares?

Bertholdo – É.

Costa Filho – P... que p...!

Bertholdo – Eu liguei. Foi naquele dia que eu não fui pra reunião do conselho porque tinha não sei o que lá em Brasília (no período em que foi conselheiro de Itaipu, entre julho de 2003 e fevereiro de 2005, Bertholdo faltou a apenas duas das onze reuniões do conselho de administração).

Costa Filho – Hã-hã.

Bertholdo – Aí eu liguei pro Samek. Falei: 'Samek, eu tô preocupado com isso, porque eu acho que você não pode fazer dessa forma...' (...) Depois é que eu fiquei sabendo que parece que rolou grana. Eu vou chamar o Samek pra uma fiscalização de controle. Vou chamar o Samek pra falar e vou chamar o presidente da Siemens. Quando for pra chamar o Samek, a gente taca a água fria. (...) Pelo que eu sei pegaram seis paus em dólar.

Costa Filho – Seis paus em dólar?

Bertholdo – É, temos que pegar pelo menos três.

Costa Filho – Sim.

Bertholdo – (...) Se quiserem me tirar do conselho, não me tiram por causa do PMDB. É minha função lá dentro.

Costa Filho – Sim, claro.

Bertholdo – (...) O Samek não põe a gente pra dentro do jogo. Vai tomar no c...

Costa Filho – Eu também acho. Podia ter chamado...

Bertholdo – Não. Podiam falar: 'Ó, tamo fazendo...'

Costa Filho – Então...

Bertholdo – E aí pegar como doação de campanha, mesmo...

Costa Filho – Hum-hum.

Bertholdo – Com gosto.

Costa Filho – Hum-hum.

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