O Dia muda para competir com O Globo
Do site Comunique-se
Profunda reforma. Foi assim que Gigi Carvalho, presidente do Grupo O Dia de Comunicação, definiu as mudanças que vigoram em O Dia a partir de hoje (02/04). Com o objetivo de conquistar leitores da classe B, o jornal passa pelo estágio mais avançado de modernização desde que o falecido Ary Carvalho assumiu a direção da empresa, em outubro de 1983.
"O Dia muda em favor da diversidade. Hoje, me vejo num campo de batalha, e nem sempre vence o mais forte", disse Gigi, como num recado para o futuro concorrente, O Globo. Segundo a executiva, o jornalismo impresso no Rio "tem uma corrente de pensamento dominante. Queremos introduzir um pensamento novo".
Roger Vallès, designer catalão que desenvolveu a reforma gráfica, em parceria com o departamento de Artes do diário, apresentou a nova logomarca do jornal. Ele contou que usou o nome Dia para elaborar a nova marca. "O nome do jornal define o período de tempo que a Terra leva numa volta em torno de si mesma. Nessa movimentação, existe uma fase diurna e outra noturna". Pensando nesses conceitos de ciclo, ele usou os tons laranja e azul, para contrastar entre os símbolos do dia e da noite.
André Hippert, diretor de Artes de O Dia, afirma que uma das preocupações de sua equipe foi manter as atuais características, como o uso da cor nas páginas, e aliá-las às mudanças que julgou necessárias. Ele falou de uma série de detalhes, como o uso de sinais gráficos para marcar as seções, o índice criado na primeira página para facilitar o que ele chamou de navegação e vinhetas próprias para temas especiais da reportagem. De acordo com Hippert, o projeto gráfico deve ser encarado como algo "elegante e ousado".
As mudanças editoriais incluem a contratação de novos colunistas, como Ricardo Boechat, Dacio Malta e Milton Cunha, e a compra dos textos de Luís Nassif, Marcelo Rubens Paiva e Ricardo Noblat. A forma de trabalhar uma reportagem, segundo Eucimar Oliveira, diretor de redação, também vai mudar. "Fizemos simulações, treinamentos culturais. Os repórteres estão em processo de transição", informou.
Oliveira repetiu o que disse Gigi em sua apresentação: falou da necessidade de se "criar uma dialética na forma de pensar, que rompa a opinião dominante, que existe no Rio de Janeiro há algum tempo. Isso não é bom para a pluralidade num estado democrático em que a imprensa tem um papel importante".
Aproveitando a conversa, o Comunique-se questionou a batalha pelo leitor das classes C e D. Ele afirmou que desde que o Meia Hora, de seu grupo, surgiu no mercado, vem se tornando uma outra opção de leitura para quem optava pelo Extra. "É só pegar os números do IVC que nota-se uma diferença brutal. Se você pegar o Extra de dez/2004 e de dez/2005, quando já havia o Meia Hora, vai perceber a queda de vendas do Extra. A concorrência se dá entre eles", disse, descartando que o Expresso, lançado nesta segunda-feira (27/03), venha a concorrer com o tablóide do Grupo O Dia.
Quanto a um possível novo concorrente para o Meia Hora, o Aqui, dos Diários Associados, que, ao que tudo indica, vai chegar ao mercado do Rio em breve, o diretor de redação não expressou preocupação. "Eu entendo que o mercado popular, com o Extra, o Meia Hora e o Expresso, já saturou.
Garimpando notícia
Ricardo Boechat está feliz por voltar ao colunismo, do qual anda afastado desde os tempos do Jornal do Brasil. Embora o espaço em O Dia seja semanal, publicado às quintas-feiras, o apresentador do Jornal da Band já estava sentindo falta de garimpar notícia.
- A informação exclusiva, o tesão de dar um furo, antecipar uma manchete, acho que é o meu barato nessa atividade. Claro que gosto muito de fazer TV e estou descobrindo os prazeres de fazer rádio, que dá um retorno impressionante com o público, mas a coisa de ver a nota impressa, saborear os filhotes que ela ocasionalmente produz, ou problemas, é algo que me acompanhou a vida inteira. Estou me sentindo com a ansiedade de quem está fazendo algo novo, já que a coluna semanal é algo que eu nunca fiz.
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