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sábado, 6 de outubro de 2007

A vida numa 'cidade lenta'



Da Der Spiegel

Stefano Cimicchi foi prefeito de Orvieto - pequena cidade da Úmbria, na Itália - de 1991 a 2004 e durante vários anos foi presidente do movimento "Cidade Lenta" (slow city), uma ramificação do bem-sucedido conceito de "alimentação lenta" (slow food). O movimento afirma que as cidades pequenas devem preservar suas estruturas tradicionais, observando regras estritas: os carros devem ser proibidos nos centros; as pessoas devem comer somente produtos locais e usar energia sustentável. Nessas cidades não adianta muito procurar uma rede de supermercados ou um McDonald's.

"Nosso objetivo é criar cidades habitáveis", diz o animado Cimicchi, 51 anos, que tem um bigode branco e marcas de riso ao redor dos olhos. "Estamos trabalhando, digamos assim, com o conceito da cidade utópica, da mesma maneira que fizeram o escritor Italo Calvino e o arquiteto Renzo Piano."

A minúscula cidade de Greve, na Toscana (norte da Itália), tornou-se a primeira "città slow" em 1999, seguida por Bra, Positano e Orvieto. Com o tempo, a onda da lentidão se espalhou. Hoje há 42 cidades lentas na Itália e um número cada vez maior - na Grã-Bretanha, Espanha, Portugal, Áustria, Polônia e Noruega - adere à rígida lista de exigências do movimento. Na Alemanha, várias cidades, como Hersbruck, Lüdinghausen, Schwarzenbruck, Waldkirch e Überlingen, entraram para o círculo seleto, que só admite cidades com menos de 50 mil habitantes.

Em certa medida, uma cidade lenta tenta preservar as estruturas cívicas da época medieval ou renascentista e ao mesmo tempo incorporar as mais recentes descobertas científicas da ecologia e da sustentabilidade. Até a tecnologia moderna é permitida se ajudar a atingir as metas da cidade. Por exemplo, Cimicchi pretende instalar portões eletrônicos para controlar o acesso a Orvieto, permitindo a entrada exclusivamente aos moradores da cidade.

O próximo projeto da lista de Cimicchi é um programa para educar as crianças sobre bom gosto. "Algumas crianças hoje não sabem mais de onde vem um peito de frango, a que animal pertence, ou que as batatas fritas não crescem em árvores", diz. Ele também quer ensinar às pessoas bons métodos de produção e que ferver é melhor que fritar.

Ainda há trabalho a fazer em Orvieto. Mesmo com seu encanto medieval, a cidade numa colina ainda tem um bom caminho a andar para atingir o ideal de cidade utópica de Cimicchi. O medo dos comerciantes de terem lucros menores causou uma constante oposição à proibição total dos automóveis no centro da cidade. E a Coca-Cola ainda é servida nos cafés, a pedido.

Publicado no UOL Mídia Global e editado pelo RA.

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2 Comments:

At 6/10/07 18:40, Anonymous Anônimo said...

Olá, Otacilio.
Diante do exposto só temos a comemorar nossa querida Monte Carmelo, que hoje (06/10) completou mais um aniversário de existência, pode considerar-se uma "cidade lenta" com seus 50 mil habitantes e sua vidinha boa e socegada. Por favor, não fique com inveja, tá?
Abração.

 
At 12/10/07 11:38, Blogger Otacílio Rodrigues said...

Grande Mestre! Tem toda razão. Nossa Monte Carmelo ainda é uma "cidade lenta" e tomara que continue assim por muitos e muitos anos. Parabéns pra ela!
Outro abração.

 

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