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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Epitáfio


Folha Imagem

Vi a foto no UOL e achei perfeita para ilustrar um post de Finados. Ao copiá-la para o RA, descobri que por trás da foto tinha um texto primoroso - do jornalista Vitor Sorano, da Folha Online -, pequeno, objetivo e bem-humorado, tal e qual a lápide da foto. Confiram:

Cláudio Colello não poderia dizer que teve uma vida ruim: deixou quatro filhos encaminhados, seis netos, uma mulher que o admirava, uma empresa bem-sucedida no ramo de auto-adesivos e uma casa de praia em Peruíbe, no litoral paulista, onde viveu parte dos últimos de seus 66 anos. O velório, contam as testemunhas, foi prestigiado por mais de 500 pessoas.

O típico homem realizado teve cumprido até o seu desejo final, realizado por um empreiteiro de túmulos intrigado e surpreso, ao custo de cerca de R$ 100. Colello quis, forjado em bronze, o epitáfio mais bem-humorado do cemitério: "Aqui jaz um homem que morreu de saco cheio".

"Ainda falei para a mulher dele: "Não sei se funciona dizer que ele morreu de saco cheio'", diz Jair de Jesus Máximo, 52, o empreiteiro que fez o túmulo do empresário. Mas, como um bom comerciante, se resignou com a estranheza do pedido e fez o gosto da freguesa. A viúva, Vilma Colello, 64, diz que não tinha outra opção. "Nunca tentamos desestimular (a idéia do marido)."

O que encheu o saco de Colello não foi nada de extraordinário, mas aquelas irritações cotidianas. "Teve um funcionário dele que precisou de uma ajuda financeira para poder morar. Aí, meu marido foi fiador e, no final, teve de pagar o aluguel", conta Vilma. "Por isso é que ele encheu o saco."

Segundo Máximo, o empreiteiro, placas de bronze duram para sempre. "Se não forem roubadas, né?", ressalva. O túmulo Colello já foi atacado. Levaram a cruz.

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