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sábado, 17 de maio de 2008

Fora da estante


Tenho este livro desde o seu lançamento, em 1992. É uma edição de luxo, do Círculo do Livro, com capa dura e sobrecapa envolvendo 638 páginas e um extenso índice. Desde 1992, o livro estava lacrado com a embalagem plástica original da editora. Sempre via a sua larga lombada na estante e pensava que, um dia, teria de enfrentá-lo. Nem sabia quantas páginas tinha. Imaginava erroneamente que era ilustrado com muitas fotos, lembranças de viagens.

Hoje, com a morte de Zélia, achei que era hora de tirar o livro da estante. Com cuidado, cortei o plástico grudado na capa e abri: nenhuma foto, apenas pequenas ilustrações de grandes artistas (Carybé, Carlos Scliar, Mário Cravo, Iberê Camargo, Poty, Aldemir Martins, Floriano Teixeira, entre outros). Na folha de rosto, o subtítulo "Apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei".

Gozado que hoje de manhã perdi um bom tempo procurando um livro para substituir o "Noites cariocas", do Nelson Motta, que acabei de reler ontem. Minha primeira opção era a "Trilogia de Nova York", do Paul Auster, que também está lacrado desde que o comprei há alguns anos. Como não consegui encontrá-lo em meio à bagunça do escritório, já estava pensando em algum Scott Fitzgerald, quando soube da morte de Zélia Gattai. Instintivamente, olhei para o grande livro de Jorge. Minha busca havia terminado.

A partir de agora, vou mergulhar na vida de Jorge e Zélia. Mas como "Navegação de Cabotagem" é dividido em tópicos, ao invés de capítulos, acho que vou ler aos pedaços, sem seguir a cronologia dos fatos. Folheando, já li um artigo - datado de 1981 - sobre a fundação do PT. Comunista histórico, Jorge Amado vibrou com o nascimento de um partido de trabalhadores em plena ditadura militar. Esse artigo, ou parte dele, vocês poderão ler amanhã. Tenho certeza que, pela data em que foi escrito, vai deixar muita gente de queixo caído.

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