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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Sargento gay acusa Exército de agressão

Da Agência Estado

O sargento do Exército Fernando Alcântara de Figueiredo, de 32 anos, acusa homens das Forças Armadas de agredir, ofender e destratar seu companheiro, o também sargento Laci Marinho de Araújo, de 36 anos. O episódio teria acontecido ontem, por volta das 15 horas, na Base Aérea de Brasília. Figueiredo e Araújo assumiram, recentemente, viverem um relacionamento amoroso.

Na madrugada da última quarta, Araújo - que é chamado pelos colegas de "Sargento Cássia Eller" - foi preso pelo Exército logo após contar, em entrevista ao vivo no programa Super Pop da Rede TV!, que é gay. Ele estava acompanhado de Figueiredo e foi levado sob acusação de abandono de suas funções na instituição. O militar passou a noite no Hospital-Geral do Exército, no Cambuci, zona sul de São Paulo. Ele recebeu permissão das Forças Armadas para ficar com seu companheiro.

Algemas e Opala preto

Ontem, os dois sargentos deixaram a unidade médica em um helicóptero e desembarcaram em Brasília. Mas, ao chegar, Figueiredo disse que foi obrigado por dez homens armados com fuzis a se separar do companheiro. "Fiquei apavorado e me senti na década de 70 (época da ditadura militar). Algemaram o Laci, jogaram ele no chão, até o colocarem num Opala preto."

"É uma grande injustiça, porque o Exército nos garantiu, ainda em São Paulo, que eu poderia acompanhar o Laci o tempo todo e mesmo ao chegarmos a Brasília ele iria para um hospital comigo."

De acordo com o advogado Francisco Lúcio França, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), foi preciso acionar a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. "Queremos um acompanhamento do caso."

Figueiredo foi informado ontem à noite que terá de solicitar à Justiça Militar uma liberação se quiser visitar o sargento internado.

Comissão

Ontem, Figueiredo procurou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que afirmou ter sido criada comissão para acompanhar o caso. Em visita ao hospital, onde o sargento está internado, Suplicy contou que Araújo aparenta estar muito tenso.

O sargento afirma ter parado de servir o Exército por sofrer de esclerose múltipla. À noite, Figueiredo esteve na Conferência Nacional sobre Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que teve a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Matéria editada pelo RA.

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