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sábado, 2 de agosto de 2008

Rio de Janeiro se blinda diante da violência


Morro do Alemão (Foto El País)

Do jornal El País

O Rio de Janeiro, uma das cidades mais belas do mundo, está se degradando a cada minuto que passa. Ninguém é capaz de conter a violência que se estende como um câncer por suas ruas e praças. Não adiantou nem a ajuda do exército brasileiro. As milícias ilegais, que atuam em cerca de 180 favelas e começaram a atuar nos bairros ricos da cidade, aumentaram ainda mais o índice de violência. Agora seus membros combatem todos contra todos.

As autoridades e os candidatos às eleições municipais do próximo mês de outubro fazem promessas que sabem que não poderão cumprir, enquanto nas pesquisas de opinião a violência aparece como a preocupação número 1 dos cidadãos cariocas.

A prefeitura do Rio decidiu combater a aguda violência urbana colocando 750 câmeras nas ruas e praças, sobretudo nos pontos de maior conflito da cidade, e construindo 23 delegacias policiais em 17 das zonas do norte da cidade e em Niterói.

O secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, confessou na sexta-feira (1) que a polícia não tem condições de agir em todas as áreas dominadas pelos narcotraficantes e pelos milicianos: 1.200 favelas e bairros conflituosos da cidade. Diante da falta de efetivos, Beltrame afirma que é necessário escolher os pontos de maior violência.

As autoridades do Rio têm de atuar em uma dupla frente: a luta contra a violência dos narcos e a incompetência e corrupção de parte da polícia. Na sexta, três agentes foram demitidos por ter torturado e chantageado um empresário de quem exigiram o pagamento de R$ 50 mil. Vários agentes, com as vozes desfiguradas, confessaram diante das câmeras de televisão que saíam às ruas "sem estar treinados" e inclusive "sem saber direito como funcionam as armas que nos entregam".

A conhecida colunista do jornal "O Globo" Cora Ronai se viu envolvida em uma ação violenta dias atrás. Cora foi surpreendida durante uma série de assaltos a motoristas depois que uma rua inteira foi fechada ao trânsito por adolescentes armados com pistolas. A rua tomada pelos delinqüentes em pleno dia foi a de São Clemente, no antigo bairro central de Botafogo.

Cora Ronai dedicou sua coluna semanal a evocar o incidente e a criticar a situação de insegurança que a cidade alcançou. Depois de dar graças a Deus por ter saído com vida do assalto, comentou que afinal se sentia feliz por pertencer ao grupo social dos que tiveram acesso à educação e aos meios para viver dignamente, e não ao dos assaltantes, vítimas de outra violência não menor: a da exclusão social.

Publicado no UOL Mídia Global.

Pitaco do RA: O correspondente Juan Arias, do El País, errou feio ao trocar a Av. Pasteur pela São Clemente, que não teve nada a ver com a história da Cora. O assalto - na verdade, um arrastão a motoristas - aconteceu às dez e meia da noite (e não durante o dia) no mergulhão que leva à Praia de Botafogo. Não sei quantas milhares de vezes passei por ali a caminho de casa durante os 20 anos vividos em Laranjeiras. Nunca me passou pela cabeça encontrar um carro na contramão lotado de bandidos armados de fuzis. Pensando nisso agora, me lembro do quanto eu fui feliz e sabia!

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