Deputados voadores
A mais bondosa agência de turismo do país atende pelo nome de Câmara dos Deputados. Basta ser amigo ou parente de algum parlamentar para garantir passagens aéreas de graça para os mais badalados roteiros turísticos do mundo.
Nelson Goetten (PR), por exemplo, é quase um filantropo. Doou 14 passagens para Miami e Milão. Todos os bilhetes pagos com o nosso dinheiro, claro. Inclusive já se suspeita que os gastos dos deputados nas viagens ao exterior tenham sido reembolsados com a verba indenizatória, uma vez que as notas fiscais apresentadas carecem de credibilidade.
Tentando por um fim à farra que também o arrastou, o presidente da Câmara, Michel Temer, colocou limites para os voos dos deputados, mas não anunciou medidas para punir o descontrole, como, por exemplo, a devolução da dinheirama gasta às custas do contribuinte.
Aumento de salários foi adiado
A partir de agora ficou mais difícil viajar para fora do país. Aliás, já devia ser assim. Afinal, as passagens se destinam ao cumprimento da atividade parlamentar, se resumindo a viagens de trabalho ou então aos deslocamentos entre Brasília e as bases eleitorais. Mas seria ingenuidade demais acreditar que essa verba não era desviada para outros fins, como bancar os passeios da família toda pela Europa.
Diante das proporções gigantescas do escândalo, Temer adiou a ambição de aumentar os salários dos parlamentares em troca da redução da verba indenizatória. Mas não fez isso por convicção, já que a maioria dos congressistas defende a engorda nos próprios vencimentos. Temer só decidiu deixar para depois essa discussão porque o reajuste salarial soaria como um prêmio aos deputados e revoltaria ainda mais a opinião pública.
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