Inaugurando o Acesso Oeste
Entrando em Resende (ao fundo, do lado direito, a Votorantim)
No sentido contrário, em direção à Dutra
Caminhão vindo da Dutra
Trevo de acesso à Votorantim
Asfalto ainda sem sinalização no Jardim Primavera
Fim do asfalto
Trânsito de caminhões e muita poeira
Desde o fim das últimas eleições, quando o assunto morreu na cidade, andava curioso em relação ao andamento das obras no Acesso Oeste. Até então, o antigo prefeito falava nisso todo dia e nós resendenses ansiávamos pela inauguração da obra que se arrastou por diversas administrações. Muito bem. A reeleição foi perdida, a festa não aconteceu e o candidato vencedor, aparentemente, tinha outras prioridades.
Algumas semanas atrás, na apresentação do projeto do novo trânsito de Resende na CDL, o Secretário de Planejamento Ton Kneip tocou no assunto apenas no final do evento, e, mesmo assim, para responder a uma pergunta da platéia. Disse que o Acesso Oeste poderia, sim, ajudar a desafogar o trânsito do centro da cidade, principalmente se os ônibus das fábricas passassem a utilizá-lo. E foi só. Nenhuma previsão de quando a obra será inaugurada ou o que falta para isso acontecer.
Pois bem. Ontem à tarde, aproveitando uma ida a Penedo para visitar um cliente, resolvi tentar voltar para casa através do Acesso Oeste. Fiz o retorno em Itatiaia e, novamente na Dutra, vi as primeiras placas alertando para obras a 1000 metros, a 500 metros, a 300 metros (cuidado: entrada e saída de caminhões), até que, a poucos metros do posto da Polícia Rodoviária, o novo acesso se materializou. Na última placa, o seguinte aviso: Entrada permitida somente a veículos da obra. Segui em frente.
Menos de 200 metros depois, uma blitz da polícia militar interrompia o trânsito quase na entrada da ponte. Pensei em voltar, mas como tinha vários carros parados na pista, constatei que não estava sozinho na infração. Dei sorte. Quando chegou a minha vez de ser abordado, todos os policiais estavam ocupados com outros carros e consegui passar incólume pela barreira. Logo depois, "inaugurava", finalmente, a ponte que cansei de fotografar nos longos anos da construção.
E foi aí que me dei conta de que não há mais obra nenhuma no Acesso Oeste. Ou seja, a tal obra da placa só existe mesmo na placa, já que tanto a ponte quanto o trevo no Jardim Primavera (à direita, a Votorantim; em frente, a cidade) estão prontos, e o trânsito - de carros, de caminhões e de ônibus - é normal nos dois sentidos.
O que falta, na verdade, é asfaltar a avenida que liga o Jardim Primavera à Estrada Resende-Riachuelo (na altura da Casa da Lua), que continua de terra e, agora (devido ao aumento do trânsito de veículos), com bastante poeira. Mesmo assim, existe sempre a opção de passar por dentro da Cidade Alegria, o que, convenhamos, dá muito pouco trabalho ao motorista que conhece a região.
E chegamos, enfim, à tradicional pergunta que não quer calar: se está tudo pronto, por que ainda não foi liberado oficialmente o Acesso Oeste? Tenho cá as minhas considerações.
A primeira delas é de ordem política e acho pouco provável que tenha fundamento: o atual prefeito resiste à idéia de inaugurar a principal obra da administração anterior. Absurdo. Sinceramente, acho que isso não tem nada a ver com o perfil democrático e conciliador do prefeito Rechuan. Além disso, a obra, como disse lá no início, passou por outras administrações até ser concluída, o que lhe confere uma paternidade indefinida.
Poderia ser, então, o asfaltamento - que ainda nem começou - da avenida de terra citada acima? Tenho minhas dúvidas. Isso porque, como já disse, existe a opção do trajeto pela Cidade Alegria e, nesse caso, caberia apenas instalar uma sinalização que orientasse os motoristas e controlasse o tráfego nos cruzamentos. Outra medida paliativa (enquanto não vem o asfalto) seria cobrir a avenida de terra com brita, o que diminuiria a poeira. Nos dois casos, o investimento seria mínimo e resolveria provisoriamente a questão.
A terceira e última consideração é a que, para mim, faz mais sentido: o problema pode estar na localização do posto da Polícia Rodoviária Federal - o mais atuante da Via Dutra - que deixaria de ser um ponto estratégico de repressão ao contrabando de drogas e de tudo o mais que trafega ilegalmente entre as duas maiores capitais do país. Com a possibilidade de escapar da fiscalização passando por dentro de Resende, os bandidos iriam acabar colocando a cidade, literalmente, na rota do tráfico.
A solução - que já vem sendo discutida há muito tempo - seria transferir o posto de Itatiaia para outro local da estrada, mas isso não é coisa que se resolva por aqui e, ao que parece, também não é coisa fácil de resolver. Até lá, seremos obrigados a desobedecer a tal placa fictícia sempre que quisermos usar o acesso que custou tanto a ficar pronto e que agora, mesmo pronto, não pode ser usado.
Solicitação do RA: Esclarecimentos e comentários serão muito bem-vindos.
2 Comments:
Excelente reportagem, Otacílio!
Passei a acompanhar o seu blog e tenho o conceito formado de que as suas reportagens são de uma categoria excelente e bem elaboradas, os temas publicados – seus ou de terceiros – interessantes e atuais, e que a sua atividade na net está a pleno vapor. O que é ótimo!
Reportagens como essa do Acesso Oeste - com seus problemas insolúveis até agora, para alguns, quando poderia se tornar disponível a todos os que dela precisam ou precisariam - são deveras importantes para sabermos da sua real situação, de maneira clara e isenta de qualquer paixão ou conotação política, como você o fez. E acrescento que concordo por completo com as suas considerações finais.
Grande abraço.
Grande Norival! Ótimo saber que pelo menos um resendense leu esta matéria que me custou umas boas horas de trabalho, fotografando e escrevendo.
Sim, ultimamente ando mais disposto em relação aos meus blogs, procurando mantê-los sempre atualizados e com postagens interessantes.
Mas como raramente recebo comentários (principalmente aqui no RA), vou publicando só aquilo que eu gosto, sem ter a mínima idéia da reação dos leitores.
Por isso, seu comentário veio na hora certa. É que hoje mesmo eu estava pensando se valeria a pena produzir grandes matérias locais para um público que, aparentemente, não tem interesse nelas.
Obrigado pela força e apareça sempre para um dedo de prosa.
I bibida prus músicus!
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