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sábado, 4 de julho de 2009

O novo jornalismo, segundo Gay Talese

Hoje é dia de Gay Talese na Flip. Para mim, disparado o evento mais importante da festa literária de Paraty este ano. Primeiro porque o cara é um dos mais importantes jornalistas da história, um dos inventores do New Journalism, ao lado de Truman Capote, Tom Wolfe e Norman Mailer. Segundo, porque está em plena forma, elegante como sempre, perspicaz como nunca.

Vejam só o que ele disse na entrevista coletiva concedida anteontem na Pousada do Ouro e registrada por Luciano Trigo no seu blog Máquina de escrever:

"Eu sou um produto dos anos 50, quando o jornalismo era muito diferente do que é hoje. Por exemplo, quando John Kennedy era presidente, todo mundo sabia que ele tinha uma vida sexual movimentada, que traía regularmente sua bela mulher Jackie etc, mas isso não era notícia, não saía nos jornais. Vinte ou trinta anos depois, seria notícia. O que mudou nesse período? Duas coisas.

Em primeiro lugar, as mulheres começaram a ocupar postos importantes nas redações, como repórteres e editoras, e com elas aumentou o interesse por temas mais soft, como a vida amorosa das pessoas famosas. Antes, os jornais eram um clube masculino, exclusivamente, e os homens se protegiam.

Em segundo lugar, as mulheres passaram a ocupar cargos importantes no Judiciário, e com isso surgiu uma nova mentalidade. Entraram na moda expressões como "assédio sexual" e "abuso sexual" - expressões que eu até hoje não sei o que significam.

Quando, anos atrás, acusaram Michael Jackson de ter abusado de um menino, não entendi o que ele fez, e continuo sem entender. No campo sexual, há toda uma área ambígua, uma zona cinzenta que os jornalistas alimentam com termos genéricos, porque existe uma preocupação em não entrar em detalhes. Mas seria importante saber exatamente o que ele fez. Estuprou o garoto? Ou enfiou amendoins na sua orelha? Isso, é claro, já bastaria para caracterizar um abuso."

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