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sábado, 22 de agosto de 2009

Para entender a rixa entre Marina e Dilma

Enviado pelo ex-Blog do Cesar Maia

1. Só a enorme popularidade de Lula viabilizou a candidatura de Dilma pelo PT. Cristão novo no PT não tem vez. Dilma era do PDT e, como tal, ocupou a secretaria de minas e energia no governo Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul. A desintegração do PDT local, com a adesão do filho de Brizola, ex-deputado federal, gerou uma migração ao PT que, além de estar no governo do RS, ainda detinha uma hegemonia de anos em Porto Alegre. Nessa leva, Dilma entrou.

2. Com a surpreendente ausência de quadros na formação do primeiro governo Lula, Dilma acabou indicada por Olívio Dutra (mais o PT-RS) para ministra de Minas e Energia. Sua passagem por esse ministério foi, no depoimento de especialistas, medíocre. E o PT acabou perdendo o seu principal nome no setor de energia - Luiz Pinguelli Rosa - que, tendo assumido a Eletrobrás, foi demitido por Lula, dizendo que "ele não tem votos". Na verdade, a demissão foi um pedido do PMDB. Dilma foi salva pelo "mensalão" e a queda de José Dirceu. Lula, que trabalha com símbolos, nomeou-a no lugar de Dirceu, pelo jeito de executiva vertical com que ela vendia a sua imagem (encobrindo o despreparo técnico) e pela condição feminina. Lula produzia, com isso, expectativas de mudança de referência.

3. Portanto, não foi a "competência" de Dilma que a levou do Ministério das Minas e Energia, onde foi muito criticada (vide o escândalo em Furnas, empresa de sua área, onde toda a diretoria caiu) ao comando da Casa Civil. E a transição do ministério se deu sob o total controle do PMDB de Sarney. Os conflitos entre meio-ambiente (Marina) e energia (Dilma, hidrelétricas, etc) começaram aí e se ampliaram quando o campo de influências de Dilma também foi ampliado, com maiores interferências na área ambiental. Lula, provavelmente para proteger Dilma, lançou Mangabeira Unger no conflito, indicando-o como coordenador das estratégias econômico-ambientais.

4. Quando Lula designou Dilma para candidata ad referendum do PT, as reações internas dos históricos do PT (Marina, Tarso Genro, etc) foram sentidas. No caso de Marina, com intensidade dupla, pois a vitória eleitoral de Dilma significaria sua completa exclusão do processo decisório na questão ambiental. A saída de Marina do ministério, com a nomeação de um ecologista urbano (Carlos Minc), foi apenas a indicação de que a ruptura era apenas questão de tempo e de momento. E assim foi.

5. Marina, espertamente, escolheu o melhor dia: a sustentação de Sarney pelo PT. Mas seria hipocrisia destacar a questão ética para a sua decisão. Afinal de contas, não se leu, viu ou ouviu qualquer indignação da ministra Marina Silva no caso "mensalão". Onde estava, ficou. O fato novo, fermentado pelos conflitos com a ex-ministra de Minas e Energia, foi a escolha de Dilma para candidata. Nesse momento, o futuro se somava ao passado e ao presente, e era insuportável a convivência. Por isso, ela diz na carta de saída do PT que o partido deixou de sinalizar compromisso de fato com o desenvolvimento sustentável. Na verdade, com Dilma (e não com o PT) é que esse descompromisso ficou caracterizado, e com firma reconhecida.

Texto editado pelo RA.

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1 Comments:

At 22/8/09 17:21, Blogger Godrius said...

Marina Silva não realizou nenhum grande trabalho à frente da pasta do Meio Ambiente.

Contudo, ter que engolir a Dilma como candidata a presidência é uma afronta. Chega a ser desrespeitoso com a sociedade.

Mas, em se tratando do presidente Lulla, o que não é desrespeitoso com a gente?

 

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