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sábado, 5 de novembro de 2011

Sempre os últimos a saber

Com grande satisfação, Dilma tem a mão beijada por Carlos Lupi (Foto Obritonews)

Texto de Otacílio Rodrigues

Vamos imaginar a seguinte situação: o sujeito comanda uma grande empresa, com vários departamentos e muitos funcionários.

Esse sujeito tem os seus assessores imediatos, homens de confiança que reportam a ele todos os problemas enfrentados no dia-a-dia da empresa.

Nas reuniões das segundas-feiras, o sujeito é informado pelos assessores sobre as irregularidades verificadas ao longo da semana que passou.

Diz um dos assessores: "Olha, Dr. Sujeito, há indícios de que no departamento X está havendo roubo de mercadorias.

- Que indícios? - pergunta o Dr. Sujeito.

- Uma denúncia vinda do próprio departamento, de alguém que está de olho num cargo de chefia.

O Dr. Sujeito balança a cabeça, folheia sem olhar papéis que estão sobre a mesa, e diz: "Vamos investigar. Se for verdade, todos os envolvidos vão pro olho da rua. Se não for verdade, demitimos o dedo-duro."

Nas empresas - pelo menos nas empresas sérias e organizadas - as coisas acontecem assim. É quase impossível alguma falcatrua não ser descoberta, já que todo mundo está sempre de olho em todo mundo.

Se o ladrão é muito esperto, pode ser difícil encontrar provas contra ele. Mas a simples suspeita já é motivo suficiente para demiti-lo.

No governo, que deveria funcionar como uma grande empresa, as coisas não acontecem assim. Falcatruas e maracutaias, grandes e pequenas, acontecem à vista de todos, que fingem não saber de nada.

Quando é que a oposição, unida e combativa, derrubou um ministro por méritos próprios, sem a ajuda da imprensa e a pressão da opinião pública? Sinceramente, não me lembro.

No governo, onde tudo é permitido, o único medo é o de que um jornal ou revista descubra tramóias que só eles conhecem. Assim como a Veja vem fazendo nos últimos meses.

Depois dos ex-ministros da Casa Civil, dos Transportes, da Agricultura, do Turismo e do Esporte, chegou a vez do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, cujos assessores, segundo denúncia da Veja (sempre ela), estão envolvidos com cobrança de propinas de ONGs (sempre elas) para liberar repasses de verbas.

Como sempre, o ministro - que tinha a obrigação de saber de tudo o que se passa em seu ministério - determinou a abertura de investigações para apurar as denúncias.

E agora, como sempre, é só uma questão de tempo. Como sempre, todos se dirão inocentes, vítimas de calúnias e "inverdades" de adversários políticos. Como sempre, resistirão o quanto puderem. E, como sempre, "pedirão demissão" de seus cargos para lutar pela honra e provar que não são culpados.

Mas continuarão em Brasília, onde sempre estiveram, levando a vida que pediram a Deus e que seus eleitores lhes proporcionam.

Publicado no Resende Afora.

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