Luis Fernando Veríssimo, no Estadão
Não chore por Tom Brady. O time dele perdeu a grande final do campeonato de futebol americano no domingo e ele foi abalroado algumas vezes durante o jogo por cruzadores inimigos e deve estar com o corpo todo dolorido.
Mas só precisará voltar a trabalhar em setembro, que é quando recomeça a temporada de futebol deles, e até lá terá tempo de sobra para se recuperar no regaço da Gisele Bündchen, um dos dois ou três melhores regaços do mundo. E ganhando em dólar o tempo todo.
Não se sabe o que fazem os jogadores de futebol americano no resto do ano, quando não é outono. Descontada a alta periculosidade do esporte - apesar de eles jogarem encasulados em proteção como jogam - não existe profissão melhor do que a de um bom jogador de futebol americano. Um mês de trabalho, um ano de salário garantido.
O que eu mais invejo no Tom Brady é o tempo livre. Está bem, primeiro o regaço da Gisele e depois o tempo livre. De agora até setembro chegar, ele pode fazer o que quiser. Pode cultivar orquídeas, viajar pelo mundo ou passar o dia tomando cerveja na frente da TV.
Se fosse inclinado à leitura, por exemplo, poderia se dedicar à obra de Charles Dickens, cujo bicentenário se comemora este ano. Dickens foi o escritor mais popular do seu tempo e tinha fama comparável à de um herói do esporte nos Estados Unidos também.
Contam que multidões iam ao cais de Nova York esperar os navios que chegavam com jornais da Inglaterra para ler o último capítulo do folhetim do Dickens.
Até setembro chegar, Brady poderia ler todo o Dickens e ainda sobraria tempo para a Gisele.
Editado e publicado no Resende Afora.
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