Os argumentos do Lula (e os contra-argumentos do Noblat):
"Nesse país está para nascer alguém que queira discutir ética (comigo)."
Por que Lula imagina que é mais ético do que os demais brasileiros? Por que pensa que detém o monopólio da ética? Há gente tão ou muito mais ética do que ele. Que nunca morou de graça, por exemplo, em apartamento emprestado por empresário amigo. E que nunca interferiu, uma vez eleito para cargo de relevo, em favor de negócio que interessava a seu antigo hospedeiro.
"Sou filho de pai e mãe analfabetos."
O país está cansado de saber disso. E lamenta pelos pais dele. E lamenta também por ele ter sido filho de pais analfabetos. Ao mesmo tempo, admira a trajetória de um filho de pais analfabetos que chegou onde ele chegou.
"E conquistei o direito de andar com a cabeça erguida com muito sacrifício."
De fato conquistou. Mas tem muito filho de pais analfabetos que também conquistou o direito de andar com a cabeça erguida. E muito filho de pais alfabetizados que não conquistou. O fato de ter nascido de pais analfabetos e de ter conquistado o direito de andar de cabeça erguida não é um feito raro nem digno de exaltação. Filho de pais analfabetos não está condenado necessariamente a andar de cabeça baixa.
"Não vai ser a elite que vai fazer eu abaixar a minha cabeça."
A frase trai duas coisas pelo menos: um certo complexo de inferioridade ao meu ver injustificável. E um sentimento contra a "elite" que ele não define qual seja, e da qual se exclui sem razão. Se por elite entendermos, por exemplo, os mais abastados, sinto muito dizer, mas ela não quer nem precisa que Lula baixe a cabeça. Ele já baixou. Rendeu-se aos principais interesses dela. E a seus pontos de vista.
Se por elite Lula entende os intelectuais que sempre tratou com um certo desprezo, os mais politizados, aqueles, enfim, que em grande parte ofereceram apoio às pretensões dele e do partido dele, aí incorre em grave equívoco. Essa fatia da elite está justamente decepcionada porque ele baixou a cabeça. Rendeu-se a práticas que condenou no passado - como a de se aliar a qualquer um para se manter no poder. E revelou-se despreparado para governar.
Postado hoje no Blog do Noblat (link nos favoritos do RA).
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