Só se fala (bem) do Gabeira
O herói da semana
Trecho da crônica de Danuza Leão, publicada hoje, na Folha
Gabeira foi meu herói da semana: é inteligente, coerente, ético, íntegro, e o Brasil seria um país de sorte se tivéssemos na Câmara uns 20 como ele; se fossem dez, já seria uma maravilha. Torço para que ele consiga, naquele cipoal de regimentos internos, assinaturas suficientes para tirar Severino do posto que ocupa. Ele é a cara do país que eu gostaria de ter, e é bom lembrar que foi o primeiro a deixar o PT, muito antes dos escândalos do partido serem nacionalmente conhecidos.
Pela refundação do Gabeira
Texto de Alfredo Ribeiro
Se as eleições de 1986 fossem hoje, Fernando Gabeira seria o novo governador do Rio de Janeiro. Naquela ocasião, o candidato da coligação PV-PT ficou em terceiro lugar, atrás de Darcy Ribeiro e Moreira Franco. O cara que a política não muda consolidou a mudança de opinião de muita gente a seu respeito depois que foi curto e particularmente grosso com o Abominável Severino Cavalcanti das Neves: “Ou Vossa Excelência começa a ficar calado ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo”. Foi aplaudido até por quem no passado temia vê-lo governar o Rio de tanga fumando maconha no Palácio Guanabara.
É sempre assim: nessas horas em que os políticos perdem inteiramente a credibilidade, Fernando Gabeira faz a diferença. Sempre que as esquerdas se vêem em apuros, refundam o Gabeira. O jornalista e escritor é, há mais de duas décadas, a esperança de algo novo no poder. Está grisalho, rechonchudo, menos extravagante na indumentária, mas não há nada mais jovem e abusado no Congresso. ACM Neto, Eduardo Paes e Rodrigo Maia parecem tios do nobre colega de Câmara dos Deputados.
Solitário no trabalho parlamentar, Fernando Gabeira continua o mesmo sujeito de idéias abertas de sempre, coisa rara entre os políticos que migram para Brasília. Ao final do primeiro mandato, todos ficam iguais na forma barriguda e no conteúdo oco. Poucos discursos resistem ao tempo. Em geral o que se disse ontem não faz mais qualquer sentido hoje. Gabeira é uma ilha de coerência no mar de lama da política brasileira.
Publicado no Blog do Gerald (link nos Favoritos do RA).
Em nome do macho
Crônica de Nelson Motta, publicada anteontem na Folha
Se atualmente já é difícil encontrar um parlamentar que não nos envergonhe, que dirá um que nos orgulhe. Como o deputado Fernando Gabeira, em quem me orgulho de ter votado, que nunca me decepcionou e agora deu mais um exemplo de coragem, independência, espírito público e virilidade moral, dizendo a Severino Cavalcanti o que ele merecia ouvir e o que a maioria não diz para não perder as viagens, verbas e vantagens que o patusco presidente distribui em troca de apoios e fidelidades.
Agora mesmo, o ninho de ratos conhecido como baixo clero está em polvorosa: vai sair a escalação para o avião da alegria que levará um bando? Uma matilha? Uma quadrilha? De parlamentares monoglotas para uma semana de boca-livre em Nova York disfarçados de "observadores da Assembléia da ONU", claro, à custa dos impostos abusivos que nos sugam. Escolhidos a dedo por Severino.
Jornais e TVs, sigam os passos desses turistas oficiais, filmem e fotografem suas caras, seus cabelos pintados e suas gravatas horrendas, seus passeios por Manhattan carregando sacolas de esposas e amantes, em limusines obscenas, atraindo o riso e o deboche com sua deselegância e sua falta de educação. São os súditos de Severino torrando nosso dinheiro, nosso trabalho.
Gabeira falou grosso e alto, mas se manteve dentro de um certo decoro parlamentar. Severino é que, mais uma vez, até quando?, se mostrou em sua medonha significância ao tentar desclassificar os argumentos de Gabeira, "acusando-o" de "tentar se afirmar como homem" e que ele - machão nordestino caricato, homofóbico ativo - não sabia se havia conseguido... Para ele, um cidadão que goste de homens é menos cidadão ou menos homem e se iguala aos bandidos e picaretas que quer anistiar. Em nome da macheza, certamente.
O grande erro de Gabeira foi seqüestrar o embaixador americano e trocá-lo por José Dirceu.
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