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sexta-feira, 7 de abril de 2006

Quarteirão da morte e da dor

Dois mortos e cinco feridos num tiroteio em Copacabana

Do JB Online

– Estamos todos vivos – disse uma funcionária de uma agência de banco na Praça do Lido à colega que telefonou preocupada. Por muito pouco as linhas telefônicas naquele quarteirão entre a Rua Ronald de Carvalho e a Belford Roxo não ficaram congestionadas, tal a quantidade de amigos e parentes que procuravam saber dos seus, tal e qual uma guerra ou mesmo uma hecatombe vivida em algum país do Oriente Médio ou destes que o Tsunami arrasa. Mas era apenas um fim de tarde em Copacabana, quebrado pela violência e pela dor. Um assalto em um prédio, a correria, a estupidez de um bandido atirando a esmo com duas armas – como se fosse um pesadelo.

Por volta das 17h de ontem, um homem aparentando 30 anos entrou no prédio de número 1.440 da Avenida Atlântica, dizendo que iria comprar um computador. Ao lado, Antônio Carlos Dias, 51 anos, morador de Nova Iguaçu, bebia no Bar Balcony sem imaginar o que aconteceria naquela tarde em Copacabana. O destino dele começou a se desenhar no momento em que o soldado Pinheiro Júnior, 23 anos, menos de um ano de PM, entrou na garagem do prédio depois que um morador pediu ajuda.

Rendido, Pinheiro viu o assaltante Sudário Cândido Dutra Ferreira tomar-lhe o revólver e ainda teve tempo de ver a própria arma apontada para sua cabeça, antes de perder a consciência e ficar à mercê das preces no Hospital Copa D’Or, para onde foi levado. Em seguida, a insanidade: com uma pistola e o revólver do policial, o bandido – bem vestido, com celular e rádio Nextel – atirou a esmo, sem coração. Acertou (e matou) Antônio Carlos Dias, no Bar Balcony. Acertou o garçom Brás, no Bar Flor do Lido. Acertou Edith Félix de Oliveira, 30 anos, nas costas. Acertou João dos Santos, no tórax. Acertou Weygland Cândido, na perna. E acertou no coração do Rio.

Pouco depois, Sudário foi morto por policiais - com vários tiros na cabeça - dentro de um táxi na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, esquina com Prado Júnior. A poucos metros dalí, turistas e cariocas curtiam mais um fim de tarde na praia mais famosa do mundo.

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