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sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

As conseqüências políticas do apagão aéreo

Texto recebido - pelo ex-Blog do Cesar Maia (via e-mail) - de importante Brigadeiro da Aeronáutica:

01. Um dos inquestionáveis atributos do ministro Valdir Pires é a incompetência. Nem o fato de ter sido Procurador da República com Jango gera memória. Como empresário foi dono de uma pedreira no Rio, cujo principal produto era a poluição ambiental. Sua passagem pelo governo da Bahia foi lastimável. E pior: saiu fugindo do desastre e se candidatou a vice de Ulysses em 1989. Como Controlador Geral da República, enquanto passavam sob seus olhos os vampiros, mensaleiros e sanguessugas, ele se dedicou a perseguir prefeitos de municípios do interior, em geral de estados - e partidos - de desafetos do governo federal.

02. Mas seu passo maior, que consagra a sua, digamos, errática carreira, foi a nomeação para Ministro da Defesa. Em muito pouco tempo conseguiu dois feitos impensáveis: desmoralizar o Ministério da Defesa e atingir - pela primeira vez na história - a credibilidade técnica do Ministério da Aeronáutica.

03. A criação do Ministério da Defesa ocorreu depois de vencidas enormes resistências. Para se ter uma idéia disso, basta lembrar que esta foi a razão de fundo para que o projeto de constituição proposto pela Comissão Arinos, não pudesse servir de documento base para a Constituinte de 1987-1988. A gestão civil, alegavam muitos militares, teria duas conseqüências. Uma, o desprestigio dos chefes militares. A outra, as restrições que viriam ao desenvolvimento técnico-científico nas forças armadas. Lembre-se que à Marinha o país deve a fundação da pesquisa em informática e energia nuclear. Ao Exército deve a substituição de importações de material bélico, a defesa ambiental como fator estratégico, o Projeto Rondon de integração e a revolução na educação física (o que inclui o futebol com a equipe dos capitães de 1970). São apenas exemplos.

04. E finalmente a Aeronáutica, cujo maior exemplo de eficácia tecnológica é a Embraer, que saiu de suas linhas de pesquisa e produção. Durante muitos anos, ITA foi sinônimo - quase único - de estudo e pesquisa na área de tecnologia e meta de tantos estudantes destacados e pós-graduados.

05. É exatamente a credibilidade da Aeronáutica, como vetor de respeitabilidade técnica, que o ministro Valdir Pires está desintegrando. O governo soube fazer obras civis nos aeroportos. Afinal, no mínimo, ficam mais bonitos. Permitem que o presidente Lula - chefe do lerdo ministro - inaugure cada reforma com um comício e muitos aplausos. Os aeroportos criaram áreas de publicidade de todos os tipos e se transformaram em veículos da propaganda oficial. Bilhões foram gastos com obras civis e provavelmente tiveram o retorno eleitoral generoso na forma de recursos.

06. Mas investimentos em expansão, atualização e desenvolvimento tecnológico no fundamental setor de controle de vôos, nada, absolutamente nada foi feito. Fundamental pela gestão do fator tempo. Fundamental pela segurança de todos, passageiros e tripulações. Fundamental por razões de segurança, interna e externa, das fronteiras aéreas, sempre invadidas. Nada! Nada foi feito! Entende-se: não dá para fazer comício nem beijar criancinha.

07. O que estarreceu nas primeiras entrevistas do lerdo ministro foi ele não saber de nada, nada, nada! Nem o que estava havendo nem quanto se tinha - ou não - investido. Sempre com seu sorriso quase idiota e sua palavra suave como um creme de pele para aparentar calma.

08. O pior sobrou para os representantes da Aeronáutica, não treinados na arte de simular pela TV. E não tardaram a exonerar um ou outro oficial levando à TV e à percepção popular a idéia de que a responsabilidade de tudo foi da Aeronáutica.

09. Conseqüências das trapalhadas do lerdo ministro: 1) o questionamento da necessidade do Ministério da Defesa; 2) um golpe na credibilidade da Aeronáutica. E lá de cima - do Aerolula - e do alto de seus cabelos brancos, Lula se dirige aos passageiros como na velha piada do suicida que saltou do vigésimo andar, passando pelo décimo:

- Até aqui, tudo bem!

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