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sábado, 31 de março de 2007

Tarde demais para o Rio



Copacabana vista do morro Pavão-Pavãozinho

Cidade envenenada


Crônica de Nelson Motta (via e-mail)

O governador Sérgio Cabral foi corajoso, mas tardio, ao abrir o debate sobre a descriminalização de drogas como fator de redução da violência carioca, que se origina no tráfico e atinge a imensa maioria dos que não vendem nem consomem. Só pagam a conta.

Agora é tarde demais para o Rio. Com a legalização, eles não abririam lojinhas de doces. Seriam legiões de bandidos desempregados e armados descendo sobre a cidade indefesa. A falência do tráfico seria compensada com assaltos, seqüestros e arrastões. Ou pior.

Na pacífica Amsterdam, que os holandeses temiam que se transformasse em uma cidade de drogados, dez anos depois da liberação, o site oficial da prefeitura registra que os 8% de consumidores habituais de 1996 se reduziram a 4% da população adulta. Aumento só de turistas, que a visitam como uma Disneylândia de doidões. No mesmo período, sob fogo cerrado da repressão, os consumidores ilegais nos Estados Unidos cresceram de 9% para 13%.

Mas como explicar que Nova York, com seu poder econômico e seu consumo de drogas muito maior que o do Rio de Janeiro, tenha uma criminalidade muito menor? E como, apesar do tráfico, eles reduziram a corrupção policial, os assaltos e os assassinatos aos níveis dos anos 60?

No Rio, a população está muito mais preocupada com a sua segurança e a de sua família do que se alguém está comprando ou vendendo maconha ou cocaína. Sem cinismo ou hipocrisia: faria muito mais sentido se a força policial estivesse protegendo os cidadãos nas ruas do que subindo morro atrás de vendedores e compradores de veneno.

Se a guerra ao tráfico não fosse uma prioridade máxima, uma inútil obsessão, a polícia teria mais tempo, homens e armas para defender a população.

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