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sábado, 30 de junho de 2007

Bola da vez

Crônica de Nelson Motta (via e-mail)

Ao rasgar a alma, expor as vísceras e se dizer vítima de tentativa de assassinato moral, o senador Renan Calheiros pode até ser muito inteligente, como diz sua ex-amada Monica, mas o estilo é brega demais. O veterano senador Gilvan Borges foi direto ao ponto, com autoridade: "Se for investigar todos os senadores a fundo e levá-los ao Conselho de Ética, não sobra um." Mas não é verdade: sobram todos.

Só os idiotas não perceberam que os Conselhos de Ética não foram criados para punir os parlamentares, mas para protegê-los. Se julgados pela Justiça, mesmo em seus foros privilegiados, eles estão submetidos às mesmas leis e critérios que todos os cidadãos. No Conselho, são julgados pelos colegas, entre o espírito de corpo e o de porco, a solidariedade corporativa e a formação de quadrilha. Não pode mesmo dar certo, na verdade é feito para não dar certo. Sabe como é, brasileiro é muito sentimental.

Com Renan e Roriz sob os holofotes - um tentando provar que tinha e o outro que não tinha dinheiro - o Senado passou a bola da vez e a turma da Câmara está festejando: é um duplo alívio nas atribulações de boa parte de seus membros. A cada novo escândalo, os envolvidos no anterior comemoram: já quase nem se fala em Zuleido e na Operação Navalha. Ninguém se lembra mais os nomes dos sanguessugas. A imprensa e o público estão viciados em escândalos, querem sempre mais, mais fortes. E os envolvidos também.

Ao se solidarizar com Roriz, Renan estava principalmente agradecendo ao correligionário e colega pecuarista por ter dividido o fogo da imprensa com ele. Sabe como é, uma mão suja a outra. Roriz, depois de muito chorar, rezar e pedir compaixão a seus pares, aguarda sereno e confiante o próximo escândalo.

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1 Comments:

At 1/7/07 11:55, Anonymous Anônimo said...

Pois é, Otacílio.
Sou do tempo que a honra era ponto de orgulho para o Homem honesto. Hoje, vemos que os brasileiros, de um modo geral, desconhecem essa regra, principalmente os políticos, com seu corporativismo, demonstrando isso. Ainda bem que Deus é Brasileiro e com tanta religião por aí (o País mais católico do mundo), ainda resta a esperança de que a honra seja restablecida neste país sempre do futuro.
Abração.

 

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