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quarta-feira, 4 de julho de 2007

Woody Allen é infiel a Nova York


Novo filme terá Scarlett Johansson, Javier Bardem e Penélope Cruz

Do site do El País

Afinal, Nova York também será uma das locações do novo filme de Woody Allen, que começará a ser rodado na próxima segunda-feira (9/7), em Barcelona. Talvez tenham sido os ciúmes desse amor de verão que o cineasta confessou abertamente na segunda-feira: "Este filme é uma carta de amor a Barcelona e daqui para o resto do mundo".

Muito pouco amigo de falar de seus projetos quando ainda estão em andamento, o cineasta fez estas declarações, e poucas mais, em uma recepção realizada na capital catalã, com uma ampla e curiosa representação institucional encabeçada pela ministra da Cultura, Carmen Calvo.

A grande quantidade de políticos reunidos na apresentação do filme é só um reflexo da febre que a presença de Allen provocou em Barcelona. Desde a sua chegada, em 11 de junho passado, a imprensa tentou acompanhar, com mais ou menos sucesso, todos os seus movimentos. Ele pôde ser visto procurando locações na catedral da Sagrada Família, sua família foi retratada nas proximidades do luxuoso hotel onde se hospeda, e soube-se até o cardápio de algumas refeições do diretor com seu séquito pessoal, que inclui sua irmã e produtora, Letty Aronson.

No dia de sua chegada, Allen expressou o desejo de poder trabalhar com tranqüilidade. Dias depois, dois músicos de sua banda de jazz, que se apresentarão durante o verão em Barcelona e aos quais Allen se reuniu na última sexta-feira em uma apresentação de surpresa, também suplicaram que o deixassem em paz. A cidade parece ter enlouquecido por ter aqui um de seus cineastas favoritos, mas tudo indica que Allen não gosta muito de ser o centro das atenções.

O hermetismo de que se cercou projeto, vigiado zelosamente pela produtora Mediapro, longe de ter um efeito dissuasivo parece atiçar o interesse por essa história de amor entre uma turista americana (Scarlett Johansson) e um espanhol (Javier Bardem), com uma terceira inconformada (Penélope Cruz), em torno da qual gira o filme. Do elenco também fazem parte uma dezena de atores catalães, entre eles Lluís Homar, Abel Folk e Manel Barceló. Este último, o único do elenco que participou do ato na segunda-feira, disse que não conhece o roteiro porque só recebeu "uma separata" com seu papel.

O segredo sobre os detalhes atinge inclusive o orçamento, sobre o qual se especularam vários números. A ministra o situa em 12 milhões de euros. Mas o produtor da Mediapro, Jaume Roures, falou em 20 milhões. Calvo, que se referiu diversas vezes ao cineasta como "mestre Allen", anunciou que a Cultura participará do financiamento por meio de amortização na bilheteria.

Essa é a fórmula utilizada para produções espanholas com mais de 300 mil espectadores que não solicitam subvenção, e estima-se em 15% dos lucros. A prefeitura de Barcelona contribuirá com um milhão de euros em forma de crédito através da sociedade de capital de risco Barcelona Emprèn. O governo da Catalunha dará sua contribuição ao projeto através dos conselhos de Cultura e Turismo, mas a quantia ainda não foi determinada. Em troca, nem o Principado de Astúrias nem as prefeituras de Oviedo e Avilés terão participação econômica, informa Javier Cuartas.

A aparição pública de segunda-feira foi a segunda de Woody Allen em Barcelona depois de sua investidura como doutor "honoris causa" em 14 de junho. Nas duas esteve acompanhado de sua esposa, Soon Yi, e em ambas admitiu que não fala espanhol: "Estudei no colégio, mas nunca prestei atenção". Vestido de cáqui e usando um pequeno chapéu de brim, na segunda-feira manteve o ar ausente até chegar sua vez de falar. Também não recorreu ao tradutor, talvez indiferente ao que os políticos presentes tinham a dizer sobre ele. Invariavelmente, todos elogiaram seu trabalho, como se esperava.

Publicado no UOL Mídia Global.

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