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sábado, 19 de janeiro de 2008

A nova cabeleira do Zezé

Nelson Motta, via e-mail

Uma das mais legítimas aspirações do ser humano é se tornar mais belo, aos seus próprios olhos e diante das fêmeas e machos da espécie. Zé Dirceu é humano, tem pleno direito de querer ficar mais bonito e, como homem de esquerda, sempre acreditou que os fios justificam os meios.

O Brasil não é só o país da piada pronta do Zé Simão, também está virando o da metáfora pronta. Como essa, político-capilar, estrelada por Dirceu, tirando fios de cabelo da nuca e reimplantando-os na vasta e brilhante testa.

O velho guerreiro vai voltar à cena com o seu velho topete. Zé Dirceu sempre foi topetudo, e se orgulhava de ser chamado de “Alain Delon dos pobres”. Até como galã, Dirceu já mostrava uma opção preferencial pelos pobres, embora suas fãs fossem as jovens universitárias das elites brancas: a nobre calça e a cabeleira rebelde se completavam.

Na guerra do Mensalão, Dirceu se descabelou. Na solidão de sua sala no Planalto, arrancava os cabelos em fúria e desespero, até finalmente cair em desgraça, semi-careca, e acusado de ser o chefe de uma quadrilha que cometeu crimes cabeludos contra a democracia. Sua voz e seu sotaque continuaram os mesmos, mas os seus cabelos... E Dirceu ainda teve o topete de dizer que não sabia de nada.

Ao resgatar remotos cabelinhos rebeldes da nuca histórica e reimplantá-los na devastada testa pós-queda, Dirceu sinaliza para a militância que é hora de tomar as ruas e arrepiar, fazer onda, encrespar. Alisar e amaciar, jamais. E denuncia que o mito de que “na hora do aperto é dos carecas que elas gostam mais” é armação da direita disfarçada de marchinha de carnaval. E o “corta o cabelo dele!”, da “Cabeleira do Zezé”, uma frase de ordem fascistóide da imprensa golpista.

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