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sexta-feira, 28 de março de 2008

Para ouvir com a namorada


Houve um tempo, meninos e meninas do século 21, que não havia computadores, CDs e MP3. Só existia discos de vinil (long-plays e compactos) e fitas-cassete, comparáveis aos CDs de hoje no tamanho, no preço acessível e na possibilidade de gravar e reproduzir músicas.

Nós, jovens do século passado, temos uma longa história de convivência com essa "mídia" que nos permitia misturar diversos estilos musicais ou gravar discos inteiros das nossas bandas (na época, conjuntos) preferidas. Era quase tão simples como hoje: alguém comprava um disco e socializava a aquisição gravando cópias em fitas-cassete para os amigos, parentes e namoradas. Era também o início da pirataria musical, que ganharia força extraordinária com a invenção do CD.

Mas havia algumas diferenças básicas, a começar pela qualidade da gravação, que dependia muito do equipamento utilizado e das marcas das fitas-cassete. As melhores eram a Philips, a Basf, a Maxell e a TDK, todas importadas. Mais tarde, surgiram as fitas de cromo, que tinham qualidade de som comparável aos discos, além de um baixo nível de ruído.

Outra diferença é que as fitas-cassete eram feitas para durar a vida inteira, embora muitas vezes enrolassem nos mecanismos internos do gravador, danificando pequenos trechos das músicas gravadas. Hoje, um CD tem durabilidade indefinida e - devido ao preço cada vez mais baixo - costuma ser descartável.

Ainda tenho guardadas muitas fitas-cassete gravadas há 20, 30 anos. Todas ainda tocam com a mesma qualidade de som do passado. Outro dia mesmo ouvi "Paul is Live", que tenho também em CD e DVD. Para ser sincero, nem reparei na diferença de qualidade entre o som analógico e o digital.

Pois muito bem. Ontem, visitando o Blogowisk - recém-adicionado aos Favoritos do RA -, me deparei com uma fita-cassete idêntica às que eu usava no século 20, uma Philips holandesa, de 60 minutos (30 de cada lado). No centro da figura, um botão (seta) "play" que eu não hesitei em apertar.

Uaaaaaal!!! A fita começou a rodar como se fosse de verdade, embora o som fosse digital. Fiquei abobalhado, olhando a mágica da fita-cassete girando no monitor, enquanto revivia a melhor fase da minha vida analógica. E não sosseguei enquanto não descobri como se fazia aquilo para mostrar a vocês aqui no RA.

Tenho certeza que muitas lembranças vão brotar da mente de cada um que passou horas e horas gravando músicas para ouvir no toca-fitas do carro enquanto passeava com a namorada. Naquela época, "digital" se referia apenas aos dedos, geralmente entrelaçados, dos namorados. Pelo menos, enquanto a fita não enrolava no bom e velho Roadstar do Fusca rebaixado.

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