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quarta-feira, 16 de abril de 2008

João Gilberto de volta aos palcos


Do Portal G1

Nos 50 anos da bossa nova, apenas um nome faltava para completar as comemorações que se espalham pelo país. O cantor e violonista João Gilberto confirmou oito apresentações para este ano, a partir de junho, para celebrar o gênero que ajudou a fundar, com seu cantar meio falado, meio baixinho, e seu jeito novo de tocar violão.

"João Gilberto não dá um show, dá um recital", diz Zuza Homem de Mello, crítico e historiador de música, explicando que o artista baiano de 76 anos está longe das parafernálias que os artistas usam em suas apresentações.

De fato, basta um banquinho e um violão, praticamente sinônimos de bossa nova, para o cenário de um "recital" de João Gilberto.

"Ele prescinde de tudo o que é efeito. Prescinde de tudo o que é necessário para mascarar a essência do espetáculo que é a música propriamente dita. O deslumbramento de suas platéias sempre lotadas vem em grande parte das sutilezas e detalhes com que ele cria e recria, de forma obsessiva, canções que o acompanharam por toda sua carreira, como "Doralice", "Corcovado", "Insensatez", "O pato" e "Samba de uma nota só".


Notícia do ano

Para o crítico e produtor Nelson Motta (acima, na AEDB em Resende), o anúncio dos shows de João Gilberto "é a melhor notícia para a música brasileira neste ano".

"Ele é um grande mestre, continua insuperável. Nesse gênero que ele inventou, ele é único, nunca houve nada melhor", disse Motta, autor do best-seller "Noites tropicais".

Apesar das diversas contribuições para o gênero que refinou a música popular brasileira, incluindo o maestro Tom Jobim e o poeta Vinicius de Moraes, nada superou a "grande novidade" que João Gilberto trouxe com seu samba sincopado no violão e jeito único de cantar.

"Ele inventou um novo gênero musical. Não existe bossa nova sem a batida de violão do João Gilberto. Ele criou todo um mundo de possibilidades musicais", disse Motta.

Para o especialista, a prova da genialidade de João Gilberto está nas regravações dos sucessos "Chega de saudade" e "Desafinado" que ele fez em seu último disco de estúdio, "João voz e violão" (2000), que seriam muito superiores às suas primeiras versões, "sob todos os aspectos, incluindo voz".

Excêntrico

A fama de gênio vem junto com a de excêntrico. É perfeccionista nas gravações e shows, além de viver recluso no Rio de Janeiro, sem nunca dar entrevistas ou frequentar a cena musical da cidade. É como um ermitão, nas palavras de Zuza.

Embora solitário, João Gilberto mantém contato com os amigos por telefone, "e está perfeitamente ciente de tudo o que acontece, lê jornal, vê TV", diz Motta.

O primeiro show do ano será em 22 de junho no Carnegie Hall, em Nova York. Depois, João Gilberto se apresenta nos dias 14 e 15 de agosto no Auditório Ibirapuera, em São Paulo; dia 24 de agosto, no Teatro Municipal do Rio; e dia 5 de setembro, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Haverá ainda três shows no Japão.

Matéria editada pelo RA.

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