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segunda-feira, 25 de julho de 2005

O governo está uma bagunça

Editorial de hoje do jornal britânico Financial Times:

"Eleito para tornar o Brasil e seu governo mais eficiente, limpo e honesto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece estar falhando em todos os quesitos.

Apesar do contínuo otimismo no mercado financeiro, o governo do senhor Lula da Silva está uma bagunça. O presidente precisa se mover com urgência para resolver uma crise política que pode contaminar a economia do Brasil. O escândalo de corrupção no país é o mais sério desde o impeachment e a renúncia do presidente Fernando Collor, 13 anos atrás.

A cada dia, surgem novas alegações de compra de votos e outras irregularidades. Líderes do partido de centro-esquerda de Lula, o PT, admitiram o financiamento impróprio de campanhas eleitorais. Alguns dos auxiliares mais próximos do presidente renunciaram e o escândalo preocupa tanto os congressistas que eles não têm tempo nem energia para qualquer outro negócio. A pauta de reformas do governo foi virtualmente paralisada.

Até agora, a economia tem sido isolada dessas dificuldades. Um forte desempenho comercial e preços altos de produtos agrícolas e minerais, combinado com altas taxas de juros de curto prazo, significa que a moeda do Brasil, o real, está firme. A inflação caiu, mas há sinais de que o cenário econômico está se deteriorando. Os investidores locais já estão adiando decisões até depois das eleições do próximo ano. Embora as circunstâncias internacionais estejam correndo a seu favor, a economia se expande em ritmo mais lento. Este ano, o crescimento pode ficar abaixo dos três porcento. Se cair ainda mais, a ainda significante dívida pública brasileira pode aumentar em relação ao PIB.

Na semana passada, um número de bancos internacionais recomendou mais cautela em relação ao Brasil como resultado das incertezas políticas. Tudo isso significa que, para Lula, é urgente demonstrar liderança e começar a reconstruir a confiança no seu governo. O presidente tem algumas importantes vantagens. A maioria dos brasileiros não o culpa pelo escândalo e parece improvável – ao contrário do ex-presidente Collor – que ele seja forçado a abreviar o mandato. Sua popularidade permanece alta, com pesquisas recentes indicando que ele é ainda o favorito para vencer as eleições presidenciais em 2006.

A crise demonstrou a necessidade de uma longamente adiada reforma política, destinada a produzir partidos mais estáveis e representativos, mas isso provavelmente será impraticável de ser alcançado nas atuais circunstâncias. Os objetivos de Lula devem ser mais modestos.

Como primeiro passo, no entanto, ele deve reconhecer a extensão da crise e assumir alguma responsabilidade por tê-la deixado ocorrer. O presidente então precisa reorganizar o governo em torno de um programa para assegurar estabilidade. Falhar agora significa desperdiçar os avanços alcançados por Lula durante o primeiro ano no poder."

Publicado no Blog do Noblat (Link nos Favoritos do RA)

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