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quarta-feira, 27 de julho de 2005

O que pensa FHC sobre a crise

Da Folha Online:

Ontem de manhã em São Paulo - durante a abertura do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade -, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conversou com jornalistas a respeito da atual crise política:

Sobre o ex-governador mineiro e atual presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo, acusado de envolvimento com o publicitário Marcos Valério em 1988:

"É preciso analisar e, depois, discriminar. Isso é grave? Qual o grau de gravidade? Maior, menor? Está comprometendo sistemicamente? Tem responsabilidade política? É um fato que eu não conheço. Mas, se for fato, vamos examinar e colocar no contexto de outros fatos".

Sobre a ampliação da CPI para o período em que foi Presidente (e também sobre a suposta compra de votos para a sua reeleição):

"O foco não é esse. Esses são fatos passados há dez anos. Não houve nenhuma acusação de interferência nem minha nem dos ministros meus. Pode apurar à vontade, mas não tire o foco. O grave de hoje é haver algo sistemático, uma organização com apoio político de um partido. O próprio partido [PT] reconheceu, tanto que caiu toda a sua direção."

Sobre o suposto acordo entre ele (FHC) e o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) para blindar Lula e evitar que o vice-presidente José Alencar assumisse a Presidência:

"Não houve nenhuma combinação nesse sentido. Até porque, nunca, nenhum de nós acusou o presidente Lula de nada. Não temos por que especular o que vai acontecer com o vice-presidente."

Sobre a possibilidade de um processo de impeachment:

"Totalmente precipitado. Não há razões para estar cogitando isso."

Sobre a política econômica do governo Lula:

"É verdade que não há crise econômica. Os números do Brasil são bons. O governo Lula teve o bom senso de seguir a minha política. Mas até que ponto isso vai, não sei, não tenho bola de cristal. Os mercados sexta-feira e segunda-feira reagiram nervosamente, apesar de que os dados globais eram bons."

Sobre se candidatar novamente à Presidência da República:

"Minha candidatura nunca foi lançada. Não tem uma palavra minha diferente do que eu sempre disse: não sou candidato. Temos bons candidatos no meu partido."

Sobre um suposto complô das elites para derrubar o governo Lula:

"Pelo que eu saiba, as elites do Brasil torcem pelo presidente de uma maneira que poucas vezes vi na minha vida. Não quero falar sobre Lula. Eu imagino as dificuldades pelas quais ele deve estar passando. Sei o que é isso."

Sobre a suposta existência de caixa dois para o financiamento de campanhas dos partidos (inclusive do PSDB):

"Essa tese de que é generalizado é horrível. Não tem caixa dois coisa nenhuma. Tem de separar o joio do trigo. Não concordo nem dentro do PT, porque não são todos que fizeram safadeza."

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