Elton John faz show melancólico
Sei que isso é normal: assim como o corpo, a voz também envelhece. Só que algumas vozes envelhecem mais e mais rápido que outras, talvez pelo excesso de falsetes cometidos ao longo dos anos nos palcos da vida. Taí o Gilberto Gil que não me deixa mentir. O ex-ministro do Lula talvez seja o nosso exemplo menos gritante, já que, há tempos, não consegue mais atingir as notas agudas de suas músicas.
Pois bem. Se 14 anos atrás a voz de Elton John decepcionou alguns fãs no campo do Flamengo, ontem no Parque do Anhembí muitos devem ter duvidado se era ele mesmo que cantava "Goodbye yellow brick road" ou "Bennie and the Jets". Aos 61 anos, o autor de "Your song" (que ele não cantou ontem), tem hoje uma voz grave e rouca que substitui falsetes e agudos por quase inaudíveis oitavas abaixo, tornando monótonas interpretações que antes arrepiavam os ouvintes.
Mas a deficiência vocal poderia ser minimizada se o show, em si, tivesse mais energia. Apesar dos excelentes e lendários músicos de apoio - o baterista Nigel Olsson e o guitarrista Davey Johnstone tocam com Elton John desde os primeiros discos -, a banda é excessivamente burocrática. Durante toda a apresentação, nenhum destaque individual, nenhum solo merecedor de aplauso, nenhum improviso, só a preocupação de reproduzir fielmente os timbres originais das gravações. Até os backing vocals - a cargo principalmente do percussionista e do baixista - são tão discretos que não ajudam em nada a disfarçar a crônica rouquidão do cantor.
A meu ver, o único ponto positivo do show foi o piano acústico tocado magistralmente por Elton John, que, nesse quesito, continua em plena forma. Uma vida inteira debruçada sobre o teclado - ele começou a tocar com apenas três anos - faz com que seus dedos pareçam flutuar de um lado para o outro, enquanto as notas brotam rápidas e límpidas do imponente Yamaha Concert Grand Piano. (Neste momento, como para comprovar tudo o que estou dizendo, um jovem Elton John canta lindamente "I've seen that movie too" na Radio Paradise)
De todas as músicas, a única que me deixou uma boa lembrança foi "Candle in the wind", que Elton John cantou ontem na versão original, homenageando Marilyn Monroe (Goodbye Norma Jean...) e não Lady Di (Goodbye english rose...). É que além da bela letra de Bernie Taupin, a melodia também não exige muito da hoje precária voz de seu autor. No mais, foi um show melancólico, lembrando, a cada música, que o tempo passa e que os falsetes, infelizmente, acabam junto com a juventude.
Muito dramático? Vejam este vídeo de "Bennie and the Jets", gravado em 1976 na Escócia, e depois comparem com a versão de ontem à noite em São Paulo:
3 Comments:
Você está falando BOSTA!!!
Pelo que li você NÃO é uma pessoa muito bem informada. Antes de fazer qualquer comentário ou observação se informe é um favor que você faz a todos os leitores informados!!!
Você deveria saber que em 1986 Enton foi sujeito a uma intervenção cirúrgica na garganta, em virtude de lhe ter sido diagnosticado pequenos nódulos nas suas cordas vocais, consequência da quantidade de maconha que fumava nessa altura. Este fato veio a impor uma mudança profunda na sua voz, que se tornou mais grave e profunda, perdendo por completo o seu famoso falsete.
Deste então a voz de Elton nuca mais foi a mesma... Todos os albuns que ele fez após a cirurgia comprovam isso.
E além disso a velhice tem impacto sim mas não é motivo para acabar com o falsete ou agudo de um cantor. Se isso fosse verdade o que seriam do Bee Gees que continuavam fazendo falsete até 2001?
Leia um pouco mais antes de escrever BOSTA!!
O Elton John é um mito. Mais respeito!
Elton John ė único e magnífico!
Obrigada por suas lindas canções É por ser um ser humano engajado em tantas causas sociais. 🙏🏻😍🤩
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