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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vivendo no mundo material


Em 1990, George Harrison foi entrevistado por Red Ronnie, que comandava o programa Be Bop a Lula na televisão italiana. Passados 21 anos, o cineasta Martin Scorsese pediu a Ronnie para incluir partes daquela entrevista no seu documentário sobre o Beatle (poster acima), que vai ao ar hoje (5) e amanhã (6) na HBO. No trecho abaixo - não utilizado no documentário -, George surpreende o entrevistador com uma declaração tão sincera quanto insólita:


George: Na verdade, eu não gosto de estar em um palco com um punhado de gente me olhando. Não gosto nada disso. Prefiro ficar mais isolado. Eu gosto de tocar em uma banda, mas não gosto da ideia de ter todas essas pessoas me olhando. Acho que para participar de shows, você tem que ser um exibicionista. Basicamente isso. Tem que ser uma estrela, ou o que as pessoas chamam de estrela.

Ronnie: É estranho ouvir isso de você... É como se você tivesse escolhido a carreira errada desde o início.

George: Talvez eu tenha tido muita experiência disso nos anos sessenta. Eu gosto da ideia de tocar numa banda, isso pode ser divertido, mas existem algumas coisas difíceis. O pior de tudo é fazer uma turnê. Não só porque a preparação é longa, mas se é uma grande turnê mundial, ela pode durar nove meses, quase um ano. E o que sobra para o resto da sua vida? Eu tenho uma vida, assim como você tem a sua. É como se você (Ronnie) tivesse que ficar na televisão um ano inteiro e só depois voltar para casa, para a sua família, para fazer todas as coisas que deixou de fazer. Eu, particularmente, não gosto disso.

Traduzido, editado e publicado no Resende Afora.

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