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domingo, 15 de abril de 2018

Antes do amanhecer, um míssil cruza o céu de Damasco

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Texto e foto de Hassan Ammar publicado hoje no site da Associated Press

Não foi uma explosão que nos acordou, mas o chamado de um amigo em Damasco para nos alertar: os ataques começaram. Foi pouco depois das 4 horas da manhã. Eu saí correndo do meu quarto de hotel para o escritório da Associated Press, localizado alguns andares acima.

Quando cheguei lá, as baterias anti-aéreas já estavam em ação, os traços iluminando o céu sobre a capital síria. Nosso escritório, de frente para o leste, proporcionava uma visão quase teatral. À esquerda, uma montanha com vista sobre Damasco, de onde as defesas aéreas sírias estavam atirando. À nossa frente, a fumaça alaranjada do fogo nos arredores da cidade, onde os ataques aéreos dos Estados Unidos, Inglaterra e França atingiam alvos.

Eu já estava pronto. Dias antes, coloquei minha câmera em um tripé na varanda ligada a um controle remoto para que eu pudesse acioná-la de dentro do escritório.

Os mísseis terra-ar começaram a ser disparados. Essa era a foto que eu havia planejado fazer. A primeira tentativa não foi boa - a imagem ficou fora do quadro. Mas a segunda capturou o momento: o risco de um míssil - desenhado em uma longa exposição da câmera - lançado na noite, seguido de outro logo atrás.

A equipe da AP tinha chegado em Damasco, via Beirute, no início da semana. Estávamos longe de ser os únicos espectadores naquelas horas antes do amanhecer.

Muitos moradores de Damasco tinham passado as últimas noites em seus terraços esperando por um ataque. Se estavam temerosos da reação dos Estados Unidos, Inglaterra e França ao suposto uso de armas químicas pelo governo sírio, poucos demonstravam isso. Não havia nenhuma sensação de medo, e o principal mercado de Damasco, Souq al-Hamidiyya, estava lotado com milhares de pessoas no dia anterior ao ataque.

Horas depois dos ataques, oficiais levaram jornalistas até o Centro Sírio de Pesquisas Científicas, no extremo leste de Damasco. Os ataques tinham reduzido o complexo a escombros fumegantes.

Mas o espírito de desafio estava com força total no sábado. Cidadãos lotaram as ruas agitando bandeiras sírias e gritando palavras de apoio ao presidente Bashar Assad. Aos olhos dos apoiadores do governo, era como se os ataques tivessem vindo e ido.

Tradução livre e desimpedida do RA.

Publicado no Resende Afora.

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