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sábado, 15 de março de 2008

'O punk está mais vivo do que nunca'


Do Portal G1

Lou Reed foi o principal entrevistado do South By Southwest 2008, festival de música e cinema que acontece há mais de 20 anos em Austin (Texas). Quando ele subiu ao palco do auditório principal do Austin Convention Center na última quinta-feira (13), uma platéia de aproximadamente 1.200 pessoas aplaudiu de pé um dos compositores mais influentes da história do rock.

Trajando casaco e jeans devidamente surrados, Reed, que está com 66 anos, foi calmamente até sua poltrona e ofereceu 40 minutos de humor lancinante, tiradas de improviso e declarações inflamáveis. Nem o entrevistador - o produtor musical e amigo de Reed, Hal Willner - escapou das farpas. Os dois falaram longamente sobre “Lou Reed’s Berlin”, filme de Julian Schnabel que teve estréia mundial na quarta-feira, dentro da programação do SXSW.

Durante a entrevista, foi exibido um trecho do documentário, filmado em 2006. Produzido com virtuosismo técnico impressionante, que inclui manipulações em tempo real de Schnabel, "Berlin" já é um dos lançamentos musicais mais aguardados do ano.

'Fase horrível'

Ambos também falaram de "Berlin", o disco, e da carreira do compositor, que alternou fases de glória a momentos de inferno pessoal. "'Berlin' simboliza e sintetiza o final de uma fase horrível na minha vida, que começou logo após o final do Velvet Underground", declarou, emendando, para risos gerais: "na seqüência, veio uma fase boa, que durou até o ‘Metal machine music’, mas depois eu ferrei com tudo de novo".

Reed não poupou a indústria musical e o fascínio por gadgets tecnológicos como o i-Pod ou o YouTube. Para ele, a cultura digital "tornou mais fácil fazer coisas péssimas". Mas ele também ressaltou a importância da facilidade para ouvir música e se auto-promover, observando que os artistas hoje têm mais facilidade para conduzir sua própria carreira e têm poder de negociação junto às gravadoras.

Mas Reed avisa: "Em qualquer contrato, as gravadoras sempre vão querer ficar com a renda pela edição das músicas. Principalmente hoje, em que quase todo o dinheiro vem de licenciamento. Por isso, se eu tenho um conselho a dar aos músicos, é este: não abram mão da edição. Se eles exigirem isso para assinar um contrato, não assinem."

Reed também se mostrou maravilhado pelas bandas adolescentes que viu no festival durante a noite anterior, e disse que, comparados aos pré-punks de sua época, as gerações atuais são muito mais agressivas e decididas. Ele disse ouvir bastante música atual, e destacou a banda noise japonesa Melt Banana como uma de suas favoritas. Para ele, o espírito do punk sempre vai existir, porque esse tipo de força jovem "só tem duas opções: a música ou a cadeia". "O punk está mais vivo do que nunca," arrematou.

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