Quadrilha fecha a Dutra para roubar motoristas
Maria Mazzei, em O Dia Online
A ação foi às 21h50, momento em que chovia muito, e durou menos de cinco minutos. O bando estava em um Astra prata e subitamente atravessou o carro na pista sentido Rio. Cinco homens armados saíram do Astra e renderam os motoristas dos três veículos que estavam à frente do carro de reportagem. Assustados, motoristas que perceberam o assalto tentaram fugir de marcha a ré.
Imediatamente, dois homens armados arrancaram duas irmãs — uma delas com a perna direita imobilizada — de um Kia Sorento preto. "Sai, sai! Deixa tudo aí!!", um deles gritou, apontando a arma para a motorista. Ao mesmo tempo, outros dois rendiam o empresário que dirigia um Peugeot preto. Um quinto assaltante abordava o carona de um Siena prata. "Tá querendo morrer?!", ameaçou.
Apavorados, os dois rapazes saíram com os braços para o alto. "Não atira. Pode levar o carro. Só não atira", pediu o motorista do Siena, o estudante B., 21 anos, obrigado a entregar até a camisa. Os dois jovens foram revistados e tiveram celulares, relógios e documentos levados. "Se não quiser levar bala, sai logo da minha frente!!!", ameaçou de novo o bandido, enquanto entrava no Siena. Em seguida os quatro carros fugiram em direção ao Rio.
Em pânico, na chuva, minutos após o roubo, as vítimas entraram em um ônibus, que cruzou a pista para socorrê-los. Um empresário tentava amparar a mulher que tinha a perna quebrada. "A sensação é de impunidade. Pensei que ele fosse atirar", lembrou ela, enquanto aguardava na 64ª DP (Vilar dos Teles).
Uma hora e meia depois, as duas mulheres e o empresário chegaram em um táxi à delegacia. O ônibus os deixou na cabine da PM vizinha a uma casa de shows em Meriti, onde eles comunicaram os roubos. Os dois rapazes do Siena já estavam na delegacia. "O carro não tinha seguro. Levaram meus documentos, minha mochila, tudo. E você não pode fazer nada. Pelo menos estou vivo", consolava-se o rapaz, ainda sem camisa. Moradores de Meriti, ele e o amigo voltavam de curso em Nova Iguaçu.
"Nunca mais passo na Dutra à noite. Não vi policiamento", disse, indignada, uma das mulheres. Ela e a irmã voltavam de um sítio em São Paulo e seguiam para a Tijuca. Além do carro, os bandidos também levaram um laptop, máquina fotográfica, roupas, três celulares, cartões de crédito e dinheiro. Já o empresário vinha de Volta Redonda e se dirigia para o Méier.
PM e PRF não estavam onde deveriam
Considerada a mais importante do Brasil, a Rodovia Presidente Dutra — por onde milhares de veículos deixarão o Rio, para o feriado — tornou-se local frequente de assaltos devido ao reduzido policiamento.
De Seropédica ao Trevo das Margaridas, onde passam cerca de 6 mil carros por hora, segundo a concessionária Nova Dutra, há apenas uma viatura da Polícia Rodoviária Federal para patrulhar os 50 km de cada sentido. Após o arrastão, a equipe de reportagem percorreu a rodovia, mas não encontrou policiais. O assalto aconteceu no mesmo local e horário em que outros dois motoristas já haviam sido abordados no domingo.
"Não podemos contar com a Polícia Rodoviária. Mantemos uma viatura nossa no ponto onde houve o crime, mas a guarnição estava, havia sete horas, presa na delegacia em ocorrência de um atropelamento. Se os registros fossem rápidos, teríamos condições de ter mais efetivo nas ruas e, provavelmente, o assalto poderia ter sido evitado", disse o comandante do 21º BPM (São João de Meriti), tenente-coronel Gileade Amaro de Albuquerque.
"Enquanto o PM ficar parado, isso vai continuar acontecendo. O bandido sabe onde ficamos e ataca em pontos que estão descobertos. Deixamos de ser fator surpresa", disse um policial do 21º BPM.
Anteontem (quinta-feira), policiais do 16º BPM (Olaria) encontraram o Kia e o Siena, abandonados na Favela Furquim Mendes, no Jardim América. A PRF não retornou as ligações de O Dia para esclarecer a ausência de policiamento na via.
Matéria editada pelo RA.
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